O problema
A associação da brasilidade com um corpo belo e sedutor suscita uma gama de reações, no Brasil, que vão da rejeição ao estereótipo até o reconhecimento da dançarina, do sambista e do jogador de futebol como legítimos representantes da nacionalidade. O problema, então, é como analisar os sentidos da sensualidade como característica brasileira, de tal forma a evitar a simples denúncia do estereótipo ou o reconhecimento de uma autenticidade essencial, ou, ainda, a mistura dos dois, pela qual o estereótipo é visto como simplório e a sedução, real. Que tipo de problema é esse e onde procurar respostas? Primeiro, ele cai no campo da história cultural e de seu momento atual, em que a violência é associada à imagem do Brasil. Em segundo lugar, o retrato da sensualidade como característica nacional é mais nítido quando é feito para o público estrangeiro. Esse público também afeta o discurso brasileiro, como Mônica Pimentel Velloso demonstra mais uma vez em um estudo publicado nesta mesma revista, sobre a recepção do maxixe em Paris no final do século 19 e início do 20 (VELLOSO, 2008). Em terceiro lugar, hoje, a sedução brasileira tem uma clara dimensão midiática, pois a representação paradigmática do corpo sensual é uma imagem publicitária. Nesse sentido, o corpo brasileiro desempenha um papel parecido com o de David Beckham, garoto propaganda de roupas íntimas Armani: ninguém sabe se a foto foi retocada ou não, mas não importa. O fato é que, em movimento ou parado, emoutdoor ou na televisão, Beckham causa admiração e parece ter, de muitas maneiras, satisfação e desenvoltura com seu próprio significado de beleza. O contexto da excelência de Beckham é tão global que é auto-evidente, mas os sentidos da sensualidade brasileira precisam ser contextualizados na conjuntura atual dos centros metropolitanos estrangeiros, onde ela compete e combina com as visões do Brasil como pobre e violento, do cinema, e jovem, cool e globalizado, no âmbito da publicidade e da moda.
O Brasil anunciado ao público estrangeiro
Hoje, Londres, talvez o maior centro cosmopolita do mundo, é uma enorme encruzilhada cultural. São, disse o prefeito Ken Livingstone, 300 línguas faladas na cidade, contra 200 em Nova York. (MASSEY, 2007: 15) Londres é um espaço, portanto, em que a representação da nacionalidade não é só facilitada pela tecnologia e o interesse das indústrias culturais pela novidade. Também está concorrendo com centenas de opções culturais diferentes e contra a indiferenciação global. Lá, a imagem do Brasil continua assumindo as formas simples que a publicidade permite e a tradição autoriza: futebol, carnaval, praia e mulheres, com a paisagem carioca no fundo. Em “Fantasia e Fetiche: consumindo o Brasil na Inglaterra”, Lorraine Leu (2004) nota essa continuidade. Descreve a construção de imagens da consagrada “exuberância e sensualidade tropical”, a partir de um comercial de desodorante de marca Impulse: uma mulher que anda na praia de Ipanema é assediada por admiradores indígenas, ou brancos pintados de marrom. Ela os guarda na bolsa, junto com o desodorante, “a qual abre toda vez que deseja desfrutar da admiração deles” (LEU, 2004: 14). Em um outro comercial, de Doritos, um casal entediado confessa uma infidelidade cometida durante as férias no Brasil e, a partir daí, “brincantes de carnaval” aparecem de dentro do saquinho desse salgadinho de milho. Quando se trata do Brasil, até o erudito Times Literary Supplement, diz Leu, apresenta, na capa da edição de 16/07/2004, a “fotografia de uma impressionante brasileira negra vestida de biquíni branco” (LEU, 2004: 13).
A foto, legendada “Brazil Now”, chama para a resenha, na seção “Travel”, do livroDeath in Brazil, de Peter Robb, um retrato do Brasil lançado em 2004. O título da resenha explica o que é o Brasil now: “Live fast, die young: a world where sex is unconstrained and violence endemic”. A morte vem fácil, o sexo é livre e a violência é endêmica: parece uma descrição sado-masô da cultura brasileira. Mas a visão é mais social: o ensimesmamento da negra de biquíni parece indicar o estado de concentração do país e localiza o aumento da violência em um país de não brancos, o que se confirma com a foto ilustrando a própria matéria: meninos em El Dorado do Carajás apontando armas de brinquedo para o fotógrafo.
Para Leu, passada a introdução sobre os comerciais e a menção da foto, o que interessa não é o conhecido conjunto carnaval-e-pecado-lícito ou a velha história da escravidão e sua dimensão erótica, mas o novo destaque alcançado pela cultura da periferia urbana, na Grã- Bretanha: a popularidade de DJs brasileiros em Londres; o uso de música da trilha do filme Cidade de Deus ou de um funk, junto com imagens “do duro meio ambiente urbano de São Paulo”, para anunciar carros Citroën e Nissan; as Havaianas da top model Kate Moss; e, ainda, a presença de música de Wilson Simonal, reconhecido pelo público como parte da trilha sonora de Cidade de Deus, usada em uma propaganda da loja de móveis Ikea. Na sua conclusão, Leu formula uma resposta à pergunta de como se processa, no exterior, a atual mudança do discurso identitário nacional para incluir as periferias urbanas. Leu fala da “variedade de imagens” expostas no subsolo da loja Selfridges, como parte da celebração da cultura brasileira, realizada em maio de 2004, imagens do “Amazonas e do carnaval, ao lado de favelas e bailes funk. […] As fantasias de diferença social e cultural associadas ao Brasil dos consumidores britânicos estão ultrapassando os tradicionais cenários baseados na liberdade sexual dos Edens tropicais, para englobar cenários urbanos sujos e imagens cheias de novas formas de conhecimento estético e cultural”. (LEU, 2004: 16) Para Leu, as imagens de pobreza e a cultura produzida em meio à violência e à desigualdade seriam usadas para reforçar a sensação de bem-estar dos britânicos, em uma versão consumista do olhar colonialista sobre as novidades vindas das favelas. Chama a atenção também, tanto no Times Literary Supplement quanto nos comerciais citados por Leu, o contínuo uso do erotismo para identificar o Brasil, e que isso acontece mesmo quando o esforço é de renovar a imagem do país, tornando-a mais contemporânea, mais moderna, mais violenta.
As novidades dos anos 2000
O artigo de Leu foi provocado em parte pelo evento Brazil 40º, realizado durante o mês de maio de 2004, na loja de departamentos Selfridges, um centro de consumo de luxo em que os setores são subdivididos por grife, de Armani a Zegna, passando por Georg Jensen e Tag Heuer. O mês Brazil 40º foi realizado com a colaboração da APEX – Agência de Promoção de Exportações e Investimentos, do governo brasileiro. Teve desdobramentos em outras grandes lojas da Oxford Street, principal rua comercial da cidade, com ampla repercussão na imprensa. Foi a edição de um evento cultural e comercial anual que geralmente focaliza um país e procura gerar publicidade ao dar continuidade à linha traçada pelo fundador, Harry Selfridge. Ele quis elevar o varejo acima da “mera compra e venda para fazer lucro” (Streetsensation.co.uk, 2007), foi pioneiro em fazer do comércio, cultura, e simbolizou sua perspectiva ao colocar uma estátua da Rainha do Tempo no Navio do Comércio acima da porta principal do prédio em estilo art déco.
Depois de tematizar, por vários anos, países e culturas asiáticos, o Brasil foi escolhido como tema. As vitrines foram desenhadas pela cenógrafa Bia Lessa, um Cristo Redentor de 13 metros, doado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, foi erigido acima da Rainha do Tempo, na entrada da loja. Os eventos na própria loja incluíram um festival de cinema e a exposição de fotos comentada por Leu.
Foram vendidos produtos brasileiros, de Havaianas à alta moda, passando pela produção da CoopaRoca, cooperativa de artesãs da Rocinha. A medida de sucesso do evento foi o aumento do footfall, do número de pessoas que entraram nessa loja de luxo, cheia de grifes e de seguranças. Muita gente foi, pelo menos para ver. Para Leu, o evento foi paradigma da nova sensibilidade em torno da conjunção de luxo com lixo. Mas há outras explicações.
Patrícia Fontes (2005) também centra suas atenções no Brazil 40º, mas explica a mudança na imagem do Brasil menos em termos da favela e mais em torno do chique ou cool, no oximoro Favela Chic, e examina tendências globalizantes da cultura. Cita Patsy Lima, uma relações-públicas que foi consultora de Selfridges sobre questões culturais e que afirmou que a nova percepção do Brasil se deve à migração de jovens profissionais brasileiros, abertos para o novo: “‘there are fashion designers, people coming from Brazil that are open-minded, who don’t live this cliché Brazil’” (apud FONTES, 2005: 16). O release da Selfridges sobre o evento cita, como exemplos do chique brasileiro, o modista Carlos Miele, o cineasta Fernando Meirelles e os irmãos Campana. Em um artigo intitulado “The full Brazilian” sobre o mês da Selfridges, na revista Display and Design, do setor varejista, cita-se a diretora de criação da loja, Susanne Tide-Frater:
Brazil was chosen […] because of its position on the cultural map. “There is a definite wind of change in Brazil, reflected in an incredible energy in design, music, photography, film, sports and fashion. […] The whole culture seems to be on the move, and we wanted to bring as many facets as possible to Selfridges.” (FAITHFUL, 2004)2
Uma noção mais ampla do que significa esse movimento, para um varejo interessado em novidades, encontra-se no número de Time Out, a Vejinha de Londres, em que se marcou os 500 anos do Brasil e a presença do cool brasileiro na cidade. (Time Out, 2000) Além de uma comentada capa de Gisele Bündchen aos 20 anos, na praia, mas não de biquíni, e aparecendo mais extraterrestre do que sambista,
a revista inclui uma entrevista da modelo em que sobressai seu aspecto simpático e “normal” (embora a chamada da capa diga “A supermodelo que chamam de ‘os mamões do Brasil’”), outra de Caetano Veloso sobre o tropicalismo e o exílio em Londres, e mais cinco páginas de pequenos perfis de brasileiros radicados em Londres: arquitetos, estilistas, artistas, modistas, desenhistas de jóias, incluindo Alexandre Herchovitch e Reinaldo Lourenço. Passaram alguns anos entre o número da revista e o evento em Selfridges, tempo para o reconhecimento da vertente chique, de promoção de moda e design, se juntar à imagem da favela brasileira deCidade de Deus. Anos em que aconteceu algo importante para o Brasil ficar na moda, segundo a antropóloga Simone Fragella: a posse do presidente ex-trabalhador Luis Inácio Lula da Silva. Essa novidade se junta à tradição praiana e do esporte e às novidades da periferia, em uma constelação que está evidente ao contrastar a figura na capa do Times Literary Supplement com a de Time Out, de Gisele Bündchen, igualmente ensimesmada mas sem sinal de disponibilidade.
O que melhor sintetiza essas novidades e mostra o que é, hoje, o Brasil estar on the move é a campanha da cerveja Brahma, lançada em 2005, logo depois da fusão da AmBev, proprietária brasileira da marca, com a InBrew belga, dona de Stella Artois, Beck’s, Leffe e outras cervejarias, formando a InBev, com sede (!) na Bélgica. A campanha esteve intensamente presente no metrô londrino, na primavera de 2007, com grandes cartazes nas plataformas dos trens, representando a brasilidade como capoeira, para o público inglês, cuja cultura valoriza muito a palavra escrita:
“Nada está escrito. Nada se fala. Mas é poesia. Improvise”. O imperativo improviseaparece também em vários cartazes que estão à disposição no site:www.brahma.com/about, e a frase equivale a “dê um jeitinho brasileiro”, pois, em vários deles, objetos diversos, como uma caixa de violão e um carrinho de pedreiro, são usados como baldes de gelo para cerveja.
A campanha inclui, além da publicidade convencional, o patrocínio de shows de música popular e a organização de outras, sob o título TrocaBrahma, em que jovens músicos brasileiros e britânicos se encontram. Esses eventos foram filmados para emissões televisivas de madrugada. A InBev encomendou a Gilles Peterson, DJ danight londrina e radialista da BBC Radio One (cujo lema, “Searching for the perfect beat”, é tomado emprestado de Marcelo D2 – ou o contrário), seis podcasts sobre o Brasil e sua música. Seu giro pelo Brasil musical mostra figuras da bossa nova (Carlos Lyra, Marcos Valle, Roberto Menescal) e da fase “post bossa nova”, que inclui Joyce, Milton Nascimento e DJ Marlboro. Presumivelmente, a cervejaria não conseguiu incluir nessa história breve da música popular a batida tropicalista. O filme “Movimento Brasil” (www.brahma.com/movimento), de 11 minutos, no site de empresa, faz uma colagem de todos os elementos: corpo, mar, dança, carnaval, favela, vôlei, futebol e capoeira, com o som de Otto e de diversos grupos de rap e funk brasileiros. As imagens mostram uma série de corpos jovens em movimento, brancos e negros, pobres e de classe média, de biquíni, de torso nu ou mais vestidos, privilegiando a paisagem carioca vista das favelas e, mais do que isso, incluindo-as em panorâmicas que privilegiam as quadras esportivas em cima dos seus morros. Eis a favela chique, que se sobrepõe à de sun-sand-sea-sex sem apagá-la.
A essencial sensualidade brasileira
O Brasil tem a ver com a capoeira, com a “poesia” do movimento em que o corpo improvisa. O corpo brasileiro em movimento articula o corpo e a dança, conforme se observa nos bares Favela Chic; o corpo e a festa do carnaval e o baile funk; o corpo e o esporte, não só o futebol, mas a capoeira, com sua profunda associação com a negritude, e os esportes ligados ao mar e à praia. A nova forma de promover o Brasil pode não acompanhar exatamente a vertente dos comerciais e da negra de biquíni branco do Times Literary Supplement, que não são novidade nem são chiques, mas, nessa nova versão, o país ainda continua sendo entendido como um país de corpos. Corpos hábeis, graciosos, dançantes, com uma inteligência toda própria e, sobretudo, atraentes, de um país com uma indústria de moda, cuja expressão máxima continua sendo, no imaginário estrangeiro, o biquíni ou a lingerie. Corpos que, mesmo em uma matéria sobre as técnicas de promoção varejista da Selfridges, como o de Faithful, se destacam ainda como sexy, pois o título, “The full Brazilian” não significa somente “o plenamente brasileiro” ou “repleto de brasilidade”. É referência também a “the full monty”, título de filme e gíria que significa ficar a pêlo, e à forma de depilação da virilha que entrou, conhecidamente, no dicionário Oxford da língua inglesa.
A dimensão sexy ou hot do Brasil para consumo estrangeiro, se já não é central na campanha da Brahma, retorna à cena mesmo quando a intenção é outra. Assim, pelo menos, é possível entender não só a fala de Faithful, mas o estande no eventoBrazil 40º descrito em matéria do serviço português da British Broadcasting Company, com o título: “Brasileira dará ‘aula de sedução’ para britânicas em evento” (STOCK, 2004). A matéria cita a reação da imprensa local, bem-humorada, mas um tanto sem jeito, à proposta de uma dona de marca de lingerie, de “’falar sobre como usar o corpo para se comunicar, desde o andar da garota de Ipanema, usando os quadris, os olhares, até os trejeitos’ […]. ‘Esse é o charme: conseguir as coisas sem ter que pedir’.” Hermione Eyre, repórter do The Independent citada por Stock, não acredita que possa conseguir tudo “usando os quadris” e lembra que a mulher britânica tem que lidar com o homem britânico (“Is he really going to be wowed by a pair of swinging hips when he’s trying to do the crossword?” – Eyre, 2004), que talvez não levante os olhos das palavras cruzadas. A matéria da BBC continua: “’As aulas são gratuitas e nenhum produto é comercializado’, garante Vanessa. ‘É um trabalho de caridade’, ressalta”. Para segurar qualquer “imagem negativa” ou ligação com a prostituição, esclarece que será mais forte a relação com “elementos esotéricos”, cristais e aromatizadores de ambiente, flores secas, óleos de massagens, nada de kama sutra ou vibrador. O segredo da competência sedutora brasileira, de acordo com Mme V, é o carinho e a maternidade de uma mulher que se entende como complemento do homem.
Como as clientes da Selfridges entendem tudo isso? Se a especulação é lícita, podemos imaginar que o anúncio das aulas agrade às consumidoras de grifes, como ponto máximo de uma possibilidade, ou do ridículo aquém do qual elas ficam. Algumas delas, afinal, trabalham sua feminilidade em alto estilo e a publicidade anuncia que sua sensualidade é moeda de troca; em outras palavras, conseguem as coisas, senão com as coxas, pelo menos sem ter que pedir. Também por ser caricatural, o discurso de Madame V volta a chamar a atenção para uma verdade que permeia o discurso nacional e nele é naturalizada. Mesmo em um imaginário em que Cidade de Deus e as favelas dos morros cariocas têm lugar, essa verdade é que o brasileiro e, principalmente, a brasileira têm facilidade em viver descontraidamente e com prazer sua sensualidade, e é competente para isso, em comparação com povos como o britânico, a quem podem ter algo a ensinar. Mesmo com as ironias da repórter, ela não brinca de questionar o credenciamento da professora.
A natural sensualidade ou vivência superior do corpo dos brasileiros, como toda verdade estereotipada, é sobredeterminada e demonstrada através de múltiplas provas. É sustentada pela imagem de homens e mulheres na praia, engajados em jogos esportivos ou eróticos, como nos comerciais descritos por Leu, em material de promoção turística e na safra anual de fotos do carnaval e suas sambistas e destaques quase nuas e, até, nas formas brincantes dos capoeiristas da Brahma e o filme “Movimento” no site da marca de cerveja www.brahma.com. Outra prova material da beleza nata do corpo brasileiro é que Gisele Bündchen ganhou, no ano 2006, quatro vezes a renda da segunda colocada no ranking das supermodels, Kate Moss, e entre as cinco modelos mais bem pagas do mundo, três são brasileiras (CLOUT, 2007) (As outras duas são britânicas. Todas são brancas.). A sedução brasileira contrasta com a falta de desenvoltura dos britânicos, objeto de ironias deles próprios. Barbara Ellen, colunista do jornal dominical The Observer comenta freqüentemente as relações de gênero; em uma de suas matérias, ilustrada com uma foto da atriz Liz Hurley com a legenda, “Liz Hurley seems to be a stranger to bikini anxiety”, critica a idéia de praias exclusivas para mulheres, mas começa presumindo simpatia pela sua razão de existir.
Meu ‘medo de biquíni’ é tão grande que nunca tive um. Quando ousava muito, talvez andasse à beira d’água com meu traje de corpo inteiro, com canga, chapéu, óculos – basicamente só algumas roupas a menos do que usaria normalmente. Às vezes mais. Um homem me disse uma vez: ‘Você deve ser a única mulher que conheço que se veste contra o frio para ir à praia’. Mas o que sabem os homens sobre o ‘medo do biquíni’ – é um sexo inteiro ingênuo da trindade não sagrada clássica de sol, mar e julgamento? (BARBARA ELLEN, 2007)3
Há um exagero bem-humorado aqui, mas também um endosso a sentimentos que se imputam à maioria. Só atrizes como Liz Hurley usaria um biquíni sem angústia, diz a jornalista.
Essas evidências, tiradas da mídia, encontram reforço no contraste cultural entre a Grã- Bretanha e o Brasil presente na linguagem acadêmica. Em livro intituladoInside Culture: reimagining method in Cultural Studies, Nick Couldry abre um capítulo sobre o indivíduo na cultura com as seguintes palavras, citadas desta vez no original:
The individual self is formed within culture and on the basis of shared cultural resources. […] By cultural resources, we can mean a variety of things: from language, to how we hold and use our bodies, to ethical codes and imaginative horizons, right through, even, to the way we imagine ourselves as distinct individuals in the social construction of ‘the individual’. (2000: 44)
A diferença cultural, como tantas vezes acontece, aparece na tradução. Os recursos culturais estão dispostos em uma gama que “vai da linguagem a como seguramos e usamos nossos corpos”. Para a idéia de to hold our bodies existe ainda um termo afim, mas como pensar o uso do corpo? Ser em si não é ser corpo? Na língua inglesa, há um hiato entre o si, o self e o corpo, pelo qual o primeiro usa o segundo, tanto é que Barbara Ellen relata uma reação de terror jocoso ao ver-se como se fosse de fora.
Leituras possíveis
Certamente, como Nick Couldry observa, há muitas maneiras de imaginar-se e de entender a individualidade, no contexto de uma cultura. Os olhares transculturais incomodam, às vezes, porque não respeitam os critérios das culturas alheias, são “desrespeitosos”. Podemos interpretar assim o protesto de Leu, ao qualificar o comercial do desodorante Impulse como “bizarro e ofensivo” (LEU, 2004: 13). O desrespeito existe em função da própria transnacionalidade do olhar, sua perspectiva de fora e muitas vezes de cima e o fato de ele trazer à cena a constituição machista e eurocêntrica, da cultura de quem olha. O elemento corpo-sensualidade da identidade brasileira é reduzido no cartaz turístico a sun-sand-sea-sex, a uma mulher de biquíni, a Madame V, a um uso do corpo. Mesmo quando é atualizado pela Brahma como “movimento”, implícito está uma diferença entre “parar para refletir” e improvisar, entre agir intuitivamente e compor poesia com cuidado, reiterando que europeus pensam e brasileiros (como os negros e morenos do mundo) fazem. Esse recorte analítico leva então à crítica ideológica, como a de Leu, da aparência – o corpo é objeto do olhar do sujeito colonialista, neocolonialista e até pós-colonial, que consome a diferença para seu próprio prazer. A resposta seria que a brasileira também é sujeito ou, como diz Rita Lee, na música “Pagu”, “nem toda brasileira é bunda”.
Essa crítica é insuficiente. A denúncia do eurocentrismo não explica por que existe, na sensualidade ou forma de viver o corpo brasileiro, um motivo de auto-estima nacional ou, pelo menos auto-reconhecimento. Talvez, quando se descarta a exotização do corpo – seja no Brasil caricatural de mulheres na praia, seja na redução do brasileiro ao corpo em movimento – uma oportunidade de pensar uma diferença cultural também seja menosprezada, mesmo que ela seja, como todas, contraditória, pois diz respeito ao prazer de se viver e imaginar corpo e também do mal-estar de fazê-lo bem. No Brasil, o corpo dançante é simbolicamente central, mas o ideal corporal padronizado leva a pressões conformistas, sobretudo entre mulheres, como demonstra o fato que, proporcionalmente, a brasileira é a mulher que mais faz cirurgia cosmética no mundo; ou o caso da deputada Cida Diogo, que chorou diante da nação e pela internet, ao ser chamada de feia pelo estilista e deputado Clodovil, em 9 de maio de 2007. (GUERREIRO, 2007)
Para evitar o denuncismo, de um lado, e o partidarismo de uma superioridade nata, do outro, adota-se a perspectiva de David Scott, para quem a tradição é um “debate histórico, incorporado pela sociedade, que trata […], pelo menos em parte, do que constituem os bens que dão sentido e propósito a essa tradição” (1999:10). Para Scott, como para outros críticos contemporâneos, é impossível pensar criticamente uma tradição sem recorrer à história em que se formou, história que passou da exploração colonial e escravagista para a neocolonial e globalizada. É nessa história, em que relações de classe, gênero e raciais foram fatores determinantes, que o corpo brasileiro adquiriu sentidos. Na literatura anglófona, a história do corpo do colonizado é contada de uma forma pouco esclarecedora da auto-estima física brasileira: um enigma a ser examinado, é como essa auto-estima sobreviveu a discriminações patriarcais e racistas, sobretudo contra mulheres negras. O caso mais famoso da literatura anglófona é da “Hottentot Venus”, a africana Sara Bartman, atração circense por causa do tamanho de sua bunda e cuja genitália foi medida post mortem para confirmar que sua diferença da norma européia do século 19 era essencialmente sexual. Sander Gilman (1985) discute o caso na busca de entender estereótipos, sua origem histórica e a natureza da ciência que os sustentavam. Stuart Hall enfoca particularmente o olhar que se interessou por Bartman (1997). Annie McClintock a menciona em um livro cuja temática passa pela “transmissão do poder masculino branco, através do controle das mulheres colonizadas; a emergência de uma nova ordem global de conhecimento cultural; e o mando imperial do capital mercantil” (1995:1-3).
Para McClintock, o racismo antropológico, médico e científico do qual foi vítima Bartman cedeu lugar a um imperialismo mercantil, que aliava a propagação de produtos industrializados ligados ao lar e principalmente à higiene, anunciados com grandes inovações publicitárias, à ideologia do projeto civilizatório. A propaganda da Pears’ Soap, o primeiro sabonete produzido em grande escala para a nascente classe média britânica, sintetiza esse discurso. O exemplo abaixo, onde a dama-sereia branca pergunta ao negro-indígena se usou o sabonete Pears, é de 1893.
Outro, de um almirante lavando as mãos, rodeado de imagens do império, encontra-se aqui: http://www.historycooperative.org/journals/whc/3.1/gilbert.html. Gilman, Hall e McClintock discutem as disposições culturais, científicas e ideológicas que enquadravam o corpo do colonizado. O corpo brasileiro também foi produzido e enquadrado sob o racismo colonial, embora português e não britânico. Como esse corpo encontrou alguma linha de fuga em que a auto-estima foi possível dentro da própria hierarquia internacional e o corpo brasileiro é sentido e vivido como vantagem, na concorrência por prestígio mundial? Ou seja, quais eram as condições em que foi possível não só sobreviver à categorização racista, mas devolver o olhar para o corpo branco, que sofre do bikini fear descrito por Barbara Ellen? A solução freyreana, do Brasil lusotropical ser modelo para o mundo, é uma que merece (mais uma) investigação. No entanto, ele parece valorizar a contribuição do poder colonial português, com sua abertura à mestiçagem, e Portugal, antes de pensar criticamente a sensualidade brasileira, que é o objetivo aqui.
Outra possibilidade é de fazer uma interpretação mais conceitual, que permite inclusive entender quais são as tecnologias de controle social, das quais essa auto-estima faz parte. Uma pista encontra-se em Colonial Desire (1995), em que Robert Young examina as origens históricas da palavra “híbrido”, discute a divulgação do pensamento racista que acompanhou o projeto colonial britânico e demonstra relações e consensos não reconhecidos, até então, entre pensamentos francamente racistas, como o de Gobineau, e os mais respeitáveis até hoje, como o de Matthew Arnold, que afirmava que a grande literatura melhorava moralmente seus leitores. O híbrido biológico, o filho de homem branco e mulher negra ou mestiça, era discutido, na Inglaterra imperial, como um problema para o futuro das colônias, na medida em que o híbrido seria infértil, como a mula. No debate sobre o futuro do império, também era problemático se o híbrido “racial” não tivesse baixas taxas de fertilidade, pois o poder colonial achava aceitável que o número de mestiços se multiplicasse. Young afirma que “as teorias de raça também eram, portanto, teorias do desejo” (p.9). Em outras palavras, criavam tecnologias de gênero, figurações de como homens e mulheres devem se conduzir, cujo exame através de um dado corpus de pesquisa poderá jogar alguma luz sobre a história da corporeidade especialmente sedutora do brasileiro e da brasileira.
Young ainda procura explicar a articulação de pensamentos e teorias eruditos, sobre mestiçagem e sexo, com sensibilidades populares. As teorias de raça eram “populistas em sua apresentação e tom” (p.92) e conectaram o projeto colonial ao engajamento fantasioso da classe operária inglesa no projeto colonial. “O colonialismo era uma máquina: uma máquina de guerra, de burocracia e administração, e sobretudo de poder. […] era também uma máquina de fantasia e de desejo” (p.98). Aí está a pista teórica principal indicada por Young: o conceito de máquina de O anti-Édipo, de Guattari e Deleuze (1996) ajuda a fazer uma leitura do imbricamento de relações sociais e fantasias, entre o poder discursivo e o funcionamento das instituições sociais. O Anti-Édipo é útil, relata Young na sua conclusão, porque propõe uma teoria social que não separa o inconsciente do material, se nega a diferenciar “a produção social da realidade, de um lado, da produção desejante que é mera fantasia, de outro” (Guattari e Deleuze apud Young, 1995: 168). Com Young e O Anti-Édipo, seria possível fazer uma leitura da valorização da figura fantasiosa e sentido-como-autêntico do corpo sedutor brasileiro, que desempenha um papel em ambientes internacional, nacional e popular.
Caetano Veloso fala dessa valorização, mesmo que em um sentido mais amplamente cultural, quando discute a contribuição de alguns pensadores brasileiros que permitem a existência de uma diferença brasileira positiva, em lugar do dilema de “não ser ou ser Outro”, na famosa frase de Paulo Emílio Salles Gomes. Chamou isso de narcisismo, em uma entrevista em que falou de seu objetivo ao recuperar Joaquim Nabuco para a cultura popular, em Noites de Norte:
Oswald de Andrade, mais do que ninguém, afirmava a realidade da existência dele [mesmo] e do Brasil. Há alguma coisa aí que tem um nome muito preciso, tanto em Joaquim Nabuco, quanto em mim, quanto em Oswald de Andrade: narcisismo. […] Ou seja, você sentir que você existe, fisicamente, e desejar-se. Isto é que o Brasil pode ter, tem que ter, precisa ter e às vezes tem. (SOVIK, 2003: 28).
Observa-se, a partir daí, uma outra pista: a metáfora do desejo para os sentimentos de nacionalidade, diferentes da expressão de nacionalidade alhures, com a auto-estima marcial e material, nos Estados Unidos, ou de sentimentos de superioridade democrática e econômica (no sentido, também, da cautela nos gastos), como na Suíça. O desejo do qual Caetano fala não é exatamente sexual, é deleuziano no sentido da diferença positiva, que cria algo novo ao unificar ou “contrair” elementos diversos.
Uma hipótese
É forçoso lembrar, ao falar da unificação de elementos diversos, da formação multirracial da população brasileira. Nesse sentido, é esclarecedora a leitura do início do segundo capítulo do depoimento de uma francesa que morou no Rio de Janeiro entre 1849 e 1870. Cito por extenso, mas destaco os trechos que mais chamam a atenção.
Essa rua [Direita] é muito animada, porque é lá que se localiza a Bolsa. Três ou quatro belas igrejas, entre outras Santa Cruz e as igrejas do Carmo, ali se fazem notar. Ao longo de toda a rua, nos degraus das igrejas ou à porta das lojas, estão acocoradas grandes negras Minas (os Minas são originários da província de Mina, na África ocídental), ornadas de seus mais belos enfeites; uma fina blusa, guarnecida de renda, mal esconde seu colo, e uma saia de musselina branca, com babados, posta sobre uma outra de cor vistosa, formam todo seu traje; elas têm os pés nus numa espécie de chinelas com saltos altos, chamadas tamancas, onde deve entrar apenas a ponta do pé; seu pescoço e seus braços estão carregados de colares de ouro, de fileiras de coral e de todo tipo de fragmentos de marfim e de dentes, uma espécie de manitus que, segundo elas, devem conjurar a má sorte; uma grande peça de musselina é enrolada duas ou três vezes em volta de sua cabeça em forma de turbante, e uma outra peça de pano raiado é lançada sobre seus ombros para as cobrir quando sentem frio ou para cingir suas costas quando carregam um filho. Muitos homens acham belas essas negras; quanto a mim, confesso que a lã crespa que lhes serve de cabeleira, sua testa baixa e côncava, seus olhos injetados de sangue, sua enorme boca de lábios bestiais, de dentes separados como os das feras, assim como seu nariz achatado, nunca me pareceram constituir mais que um tipo bastante feio. O que têm de pouco vulgar é o andar. Elas caminham de cabeça erguida, o busto muito saliente, a cintura arqueada, os braços em equilíbrio, sustentando sua carga de frutas, sempre colocada sobre a cabeça. Seus pés e suas mãos são pequenos, os pulsos e tornozelos são finos; têm a cintura bem-feita e muito arqueada e seu andar, de passo desembaraçado, é sempre acompanhado de um movimento de quadris bem provocante, embora marcado por certa altivez, como o da espanhola. Seu peito mal é velado por sua fina blusa e mesmo, algumas vezes, têm um seio exposto; mas poucas têm o colo bonito. Apenas nas mulatas muito jovens encontra-se por vezes essa beleza. Quanto às negras, não se exagerou nada ao dizer que amamentam facilmente o filho colocado às suas costas: vi algumas de minhas criadas fazê-lo; apenas, não é realmente no meio das costas, mas por baixo do braço que a criança mama. Nada mais devasso que essas negras Minas: são elas que depravam e envenenam a juventude do Rio de Janeiro; não é raro ver estrangeiros, principalmente ingleses, sustentá-las e fazer loucuras por elas. (Toussaint-Samson, 2003/1883)
O texto leva a uma hipótese que explica a sensualidade brasileira como parte da história colonial que no Brasil adquiriu um valor positivo.
Em um momento em que, Adèle Toussaint-Samson também comenta, as mulheres brancas eram infantilizadas, mantidas em casa, vestidas da cabeça aos pés e acompanhadas sempre por criados quando saíssem para as ruas, podemos imaginar que causassem uma certa inveja a liberdade sexual e o andar pouco vulgar das negras Minas, assim como a atração dos homens estrangeiros por elas, pois, apesar do racismo evidente na descrição, transparece uma comparação que favorece essas negras. Até quando a autora compara a beleza relativa do colo de jovens e mais velhas, a avaliação é de uma concorrente. A hipótese é, então, que as mulheres brancas incorporaram traços dessas mulheres, pelas vantagens que tinham de liberdade e atração; as elites brancas aprenderam a andar com o “passo desembaraçado” das escravas de ganho da rua Direita. Se for possível demonstrar a hipótese, teremos uma resposta à pergunta sobre as origens históricas do corpo sedutor como característica brasileira, uma resposta que também ajude a explicar a ambivalência das reações brasileiras, quando os estrangeiros se interessam pelo imaginário da sedução brasileira em sua estereotipia for export. Essa ambivalência talvez seja fruto do nexo de relações de classe e raciais do qual esse imaginário emerge com traço nacional, entre o século 19 e 20. Metodologicamente, a hipótese afasta a discussão de estereótipos e exageros, daquele argumento em que o corpo sensual brasileiro aparece nos seus contornos exagerados (Madame V) ou no contraste com uma suposta incompetência sensual européia (Barbara Ellen ou os homens com as palavras cruzadas). Permite que a sensualidade brasileira seja estudada a partir das relações raciais, interculturais, de gênero e classe das quais parece ser fruto.
* Liv Sovik é professora de Comunicação na Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisadora do CNPq. Organizou a coletânea de Stuart Hall, Da diáspora: identidades e mediações culturais (Editora UFMG, 2003) e é autora de Aqui ninguém é branco: tradição, utopia e música popular (em preparação).
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NOTAS
1 Uma versão inicial deste trabalho foi discutida em uma reunião do PACC – Programa Avançado de Cultura Contemporânea da UFRJ, em maio, e na COMPÓS, em junho de 2008. Esta versão foi inteiramente revista e inclui avanços sobre a que consta dos anais eletrônicos da COMPÓS, principalmente no que se refere à hipótese apresentada no final.
2“Os ventos de mudança sopram no Brasil e são refletidos em uma incrível energia nas áreas de design, música, fotografia, cinema, esporte e moda. […] A cultura inteira parece estar em movimento e queremos trazer o número máximo possível de suas facetas à Selfridges.”
3 “My ‘bikini fear’ is so bad I’ve never actually owned a bikini. At my most daring, I might plod about near the water’s edge in a fifth-former Speedo, with sarong, shirt, hat, glasses – basically, only slightly fewer clothes than I’d wear normally. Sometimes more. As a man once said: ‘You must be the only woman in the world who dresses up warm to go to the beach.’ But then what do men know about ‘bikini fear’ – an entire sex innocent of the classic unholy trinity of sun, sea and judgment?”