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Impactos da tecnologia na telenovela: inovações e impasses | de Cláudio Felicio Pífano Silva

Ao criarem em meados dos anos 40 o conceito de Indústria Cultural, Adorno e Horkheimer lançaram um olhar crítico sobre a conjunção entre arte e tecnologia. Ambos apontaram como a produção de bens culturais está impregnada de uma racionalidade técnica, que obedece aos mesmos esquemas rígidos da produção industrial, sustentada pela tríade serialização-padronização-divisão do trabalho, cujo produto final oferecido como novidade seria, na verdade, apenas a mudança de indumentária de um sempre semelhante (ADORNO, 1986).

Essa falta de espaço para a invenção que emerge do pensamento de Adorno e Horkheimer sobre a Indústria Cultural é posta em xeque por Edgard Morin. Segundo o teórico francês, em meio a estruturas rígidas de produção deve haver certa liberdade criativa que garanta a continuidade da própria indústria, uma vez que todo padrão tem de ser aperfeiçoado pela originalidade para manter ou alcançar novos públicos consumidores (MORIN, 1987).

Assim, linhas rígidas – que tendem à reprodução, a uma identidade, à estabilização e reforçam o que já vem pronto – coexistem com linhas de invenção que trazem o novo, o estranho, algo que escapa (DELEUZE, 1998). Ou, como defende Umberto Eco em A inovação do seriado, até mesmo de produtos seriais pode surgir algo novo. Esquemas e autores que os utilizam é algo que acontecia já na Antiguidade Clássica. As tragédias gregas seguiam um esquema fixo, variando-o (ECO, 1989).
Frente a essas visões sobre a contradição invenção-padronização intrínseca à cultura de massa, torna-se claro que pensar como se dá a inovação na Indústria Cultural coloca-nos diante de uma rica gama de processos a serem analisados. Mas qualquer abordagem que pretenda trazer um olhar substancial sobre o tema exige um recorte em meio à abrangência de conexões possíveis. Desta forma, o presente ensaio concentra-se em discutir a inovação sob o viés da tecnologia na telenovela brasileira. A motivação para esta escolha está no fato de que a telenovela possui uma estrutura aberta, isto é, ela é escrita à medida que vai ao ar, levando-se em consideração a resposta da audiência. Tal modo de produção torna o gênero permeável a marcas da contemporaneidade que vão desde expressões artísticas e comportamentais até inovações tecnológicas.

Interessa-nos aqui verificar como a telenovela absorve as novas condições técnicas e como o impacto dessa absorção traduz-se em inovações para o gênero. Para que este objetivo seja concretizado, o ensaio está divido em três impactos distintos. O primeiro diz respeito às repercussões dos avanços tecnológicos da TV na evolução do principal produto da ficção televisiva brasileira. O segundo está relacionado à incorporação da tecnologia pelas tramas. O terceiro trata das inovações da novela advindas do surgimento da internet.

Inovações no Meio – Inovações no Produto

De acordo com a visão dos teóricos da Ecologia da Mídia, a inserção de uma nova tecnologia em um ambiente provoca sempre alterações estruturais importantes nos interesses, nos símbolos, na natureza da comunidade. Partindo desse princípio, é possível pensar que os próprios meios tecnológicos não estão imunes a mudanças em suas estruturas com o surgimento de um novo aparato técnico. Desta forma, se a América após a TV é outra América (POSTMAN, 1992), a televisão também é outra com o advento do videoteipe, por exemplo.

Indo um pouco mais além nesse raciocínio, se considerarmos que o meio é a mensagem (McLUHAN, 2005), torna-se possível também inferir que os produtos culturais produzidos por qualquer meio são diretamente afetados pela transformação tecnológica do próprio meio. Tal hipótese é passível de verificação ao examinarmos a história da telenovela brasileira. Graças ao advento do videoteipe, a novela teve a sua primeira grande inovação. As histórias, antes levadas ao ar ao vivo duas ou três vezes por semana, passaram a ser diárias a partir de 1963.

Dez anos depois, o início das transmissões em cores provocou outra revolução na telenovela. Se antes as histórias contadas em preto e branco já causavam sensação, a chegada das cores com a novela O bem amado de Dias Gomes em janeiro de 1973 marcou o início de uma era de ouro na teledramaturgia (ALENCAR, 2002). Nos bastidores, o uso da cor obrigou a adoção de novos parâmetros para a maquiagem, cenografia, figurinos, iluminação e fotografia, a fim de que a qualidade da imagem não fosse comprometida.

O desenvolvimento de equipamentos de última geração ao longo desses 45 anos foi outro fator que contribuiu decisivamente para evolução da novela diária. Afinal, tal aparato técnico tornou possível a realização de cenas cada vez mais complexas imaginadas pelos roteiristas. Além disso, na pós-produção, o computador tornou-se um precioso aliado nas reconstituições de época e na criação de efeitos especiais. Assim, a segunda versão de Mulheres de areia, por exemplo, teve muito mais realismo nas cenas entre as gêmeas vividas pela atriz Glória Pires do que a primeira versão que havia ido ao ar 20 anos antes. O remake contou com o recurso do cromakey, técnica de efeito visual que consiste em colocar uma imagem sobre uma outra através do anulamento de uma cor padrão.

mulheres de areia!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Já na versão de 1973, quando as gêmeas tinham que contracenar, o diretor gravava com o primeiro lado da câmera tampado e, depois, gravava com o outro lado. Ou seja, um processo muito mais trabalhoso, que resultava numa imagem rudimentar bem distante da qualidade das imagens das telenovelas atuais, que, desde outubro de 2007, são exibidas em alta definição (High Definition Television). A HDTV é transmitida digitalmente e por isso sua implementação geralmente coincide com a introdução da televisão digital.

Ainda é cedo para avaliar o impacto que essas duas novas tecnologias vão causar na telenovela, uma vez que pouquíssimas pessoas têm acesso à HDTV e à TV Digital. Mas já há discussões sobre novos parâmetros para as imagens e também sobre outras formas de ver a novela, pois a TV Digital permite que as tramas sejam captadas e acompanhadas em outros dispositivos, além do aparelho de televisão tradicional.

Inovações tecnológicas – Inovações na trama

Em Dos meios às mediações – Comunicação, cultura e hegemonia, Jesus Martín-Barbero (2001) valendo-se do conceito de hegemonia expresso por Gramsci, mostra o processo de constituição do massivo a partir da cultura popular. Ao investigar a presença do povo na massa, o autor apresenta o melodrama como uma matriz cultural responsável pela mediação entre o folclore das feiras e o espetáculo popular urbano, quer dizer, massivo. Mediação que, no plano das narrativas, tomará primeiramente o formato industrial de folhetim e, depois, passará ao cinema, ao radioteatro e à telenovela. Logo, do cinema ao radioteatro, uma história dos modos de narrar e da encenação da cultura de massas é, em grande parte, uma história do melodrama (MARTÍN-BARBERO, 2001).

Ao identificar na cultura de massa a presença do melodrama, o trabalho do pesquisador espanhol radicado na Colômbia traz para esta discussão um aparato conceitual muito importante, uma vez que mostra quanto a telenovela guarda dos elementos das narrativas populares, tais como: a oralidade, o contar a, a surpresa e a repetição (MARTÍN-BARBERO, 2001).

Assim, os personagens arquetípicos do melodrama (o traidor, o justiceiro, a vítima e o bobo) reaparecem atualizados, revivendo velhas histórias.

E sempre, no produto novo, os antigos temas: gêmeos, trocas, usurpações de fortuna ou identidade, enfim, tudo que fomos encontrando nesta longa trajetória dos modos de narrar se haverá de reencontrar nas mais atuais, modernas e nacionalizadas telenovelas. Até sua distribuição em horários diversos, correspondendo a modalidades folhetinescas diferentes: aventura, comicidade, seriedade, realismo. Sempre de modo a satisfazer o patrocinador. (MEYER, 1996, p. 387).

Além desses temas, a telenovela herdou do folhetim a organização em capítulos e a estrutura aberta. Esta dota a narrativa de uma permeabilidade ao atual, possibilitando que a tecnicidade – termo que Martín-Barbero utiliza para designar todo um conjunto sistêmico de saberes técnicos já incrustados na estrutura do conhecimento e da vida cotidiana – ganhe visibilidade nas tramas com toda sua gama de atualizações. Assim, assuntos do momento e inovações tecnológicas de todas as ordens são inseridos na trama como elemento ativo de uma determinada intriga ou até mesmo passam a ser o tema sobre o qual gira a história.

Desta forma, o drama da paternidade perdida que era o cerne da trama de O direito de nascer de Félix Caignet (1965), atualmente é resolvido com um teste de DNA, cujos resultados podem ser folhetinescamente alterados, gerando novos conflitos. A chantagem feita com o material sonoro gravado em fitas K7 na novela Vale tudo (1988) de Gilberto Braga reaparece em Celebridade (2003) do mesmo autor. Mas, desta vez, a vítima do chantagista tem que ceder às pressões, porque seu algoz possui imagens comprometedoras captadas por câmeras de vigilância.
Quatro anos depois, em Paraíso tropical, também de Braga, o vilão vale-se de processos digitais para alterar uma conversa telefônica do herói e, desta forma, consegue separá-lo da mocinha. Já em A favorita (2008) de João Emanuel Carneiro, antes de sabermos quem era a boa e quem era má, Donatela (Cláudia Raia) monitora os passos de Flora (Patrícia Pillar) com o auxílio de um chip e de uma microcâmera. (Inserir vídeo de Paraíso tropical. Legenda:Gravações originais selam acordo entre vilões.)
Além de aparecer como instrumento complicador ou de resolução em diversos momentos da narrativa, a tecnologia pode aparecer como temática principal de uma telenovela, por meio de discussões acerca de como a vida das pessoas pode ser alterada pelo surgimento de novas possibilidades técnicas. A autora Glória Perez fez de barrigas de aluguel, transplantes, clonagem e encontros amorosos via internet temas centrais de algumas de suas novelas e, em boa parte delas, colocou como contraponto o impacto de tais inovações em culturas muito tradicionais como a cigana e a muçulmana.

Se na obra do escritor americano Mark Twain encontramos uma idéia da interação entre tecnocracia e os valores do Velho Mundo no século XIX (POSTMAN, 1994), na obra de Glória, podemos verificar a tensão inquieta existente entre a visão de mundo tecnológica e a tradicional. As tramas nascem justamente desse choque e refletem questionamentos contemporâneos sobre como ficam as velhas emoções em um admirável mundo novo. (Inserir vídeo O Clone Teaser 1. Legenda: Teaser de “O clone” traz idéia de tradição x avanços da ciência).

Advento da internet – Inovações nas telenovelas

Durante a década de 70, as novelas da Rede Globo de Televisão eram campeãs absolutas de audiência. Algumas tramas como Selva de pedra (1972) e O astro (1977), ambas de Janete Clair, conseguiram atingir a marca de 100% de aparelhos ligados. Trinta anos depois, uma novela de sucesso, de acordo com o Ibope, é aquela que consegue uma média entre 45 e 50 pontos ao longo de oito meses de exibição, com picos de 60 em seus momentos de clímax.

Os estudiosos e autores de telenovela apontam várias razões para esta queda, entre elas o desenvolvimento técnico e qualitativo de outros tipos de programa; a entrada no mercado das TVs a cabo com outras formas de atração e o surgimento da internet que possibilita uma nova maneira de fruição da novela como observou o autor Sílvio de Abreu na palestra de abertura do seminário “Eu vejo novela”: “Por que vou ficar em casa pra ver o último capítulo se posso vê-lo amanhã no site da Globo ou no You Tube?” (ABREU, 2008).

De fato, as pessoas hoje assistem, escutam, incorporam, vivenciam, enfim, reelaboram a telenovela de uma outra forma, mesmo nas classes populares, na qual o acesso à internet ainda é deficitário. A dimensão do fetiche ligado à técnica materializa-se não mais na tela da TV, como mostrava a leitura social feita por Ondina Leal sobre a novela das oito Sol de verão (1982). Transferiu-se para a tela do computador. Nela, sucessos do presente convivem com hits do passado, cujas tramas continuam consagradas. As narrações são assim libertadas de sua submissão ao progresso e possibilitam novas formas de relação com o passado, ou melhor, com os diversos passados de que estamos feitos (MARTÍN-BARBERO, 2000).

Não é difícil constatar o tamanho do culto. No You Tube, personagens como Odete Roitman, Maria de Fátima e Heleninha da novela Vale tudo e as antagonistas Júlia Matos e Yolanda Pratini da novela Dancin’ days (1978) sobrevivem em inúmeros vídeos. Os trechos das cenas voltam à tona graças à dedicação dos fãs das novelas, que digitalizam velhas fitas caseiras e organizam os vídeos em canais virtuais como o Mofo TV. Isso sem falar nas inúmeras comunidades do Orkut dedicadas a novelas antigas e atuais, bem como a personagens marcantes em tramas de ontem e de hoje (LEITÃO, 2008, p.15). (Inserir Dancin Days. Legenda: Cena final de Dancin’ days é objeto de culto na internet).

Mas não é apenas como culto que a telenovela vem procurando sobreviver à massificação da internet. Outra forma é por meio de hibridismos artísticos e midiáticos, incorporando, por exemplo, em suas tramas elementos de reality shows como o Big brother – formato originado pelas webcams e primeiro produto midiático global a mesclar TV, internet e telefonia. Essa incorporação de características dos reality shows vem tornando a fronteira entre realidade e ficção, entre linguagem jornalística/documental e linguagem dramática mais tênue na telenovela. Elementos da realidade têm sido cada vez mais misturados às tramas, com a inserção inclusive de cenas reais. Em 2003, por exemplo, a novela Mulheres apaixonadas exibiu como parte da história cenas de uma passeata pela paz que realmente ocorreu no Rio de Janeiro.

Em 2002, na novela O clone, depoimentos de dependentes químicos eram inseridos após as cenas da personagem Mel (Débora Falabella) que enfrentava o mesmo problema na ficção. Em Celebridade, artistas consagrados faziam apresentações nas casas de shows da trama e eram agenciados pelas produtoras rivais Maria Clara Diniz (Malu Mader) e Laura Prudente da Costa (Claudia Abreu). Finalmente, em Páginas da vida de 2006, os capítulos eram encerrados com depoimentos de pessoas comuns que tinham alguma vivência relacionada aos principais assuntos da trama: AIDS, alcoolismo e síndrome de Down. (Inserir Depoimento de Páginas da Vida. Legenda: Depoimento de idosa sobre primeiro orgasmo causa polêmica em “Páginas da vida”).

Considerações finais

Ao fim desse breve exame de como a telenovela absorve as novas condições técnicas e também de como o impacto dessa absorção traduz-se em inovações para o gênero, é inevitável não fazer uma referência à história de Thamus – rei de uma cidade do alto Egito – e de seu encontro com o deus Theuth – suposto inventor da escrita. Ao apresentar a sua invenção ao faraó Thamus, Theuth deixou o monarca temeroso ante a possibilidade de que o novo dispositivo tecnológico pudesse fazer com que as pessoas não fossem mais obrigadas a treinar a memória. Segundo o rei, elas passariam a se lembrar das coisas não por causa de um esforço interno, mas por mera virtude de um dispositivo externo.

O que se depreende dessa lenda, relembrada por Neil Postman no livro Tecnopólio A rendição da cultura à tecnologia, é que toda tecnologia pode se configurar sob dois aspectos: pode ser lida e interpretada tanto como um fardo ou como uma benção; não como uma coisa ou outra, mas sim isto e aquilo (POSTMAN, 1994). Essa moeda tecnológica de dupla face tem o mesmo valor quando se pensa sobre as alterações sofridas pela telenovela em função da incorporação de novos dispositivos técnicos, seja em seus meios de transmissão, seja em suas tramas. Afinal, tais recursos tecnológicos geram para esse produto cultural aspectos positivos e negativos, contribuem para a evolução do gênero, mas também trazem impasses.

Ao pensarmos sobre as relações entre os avanços tecnológicos da TV e os avanços do gênero, é patente que recursos como o videoteipe, a cor, câmeras e ilhas de edição de última geração tornaram a novela um produto cultural muito mais atrativo. Em contrapartida, as recentes HDTV e a TV digital mergulham as tramas televisivas diárias numa nova fase de incertezas quanto ao futuro, exigindo de todos os envolvidos na produção uma readaptação frente a novas formas de fruição da obra.

Passando desse aspecto para o exame do papel da tecnologia nas tramas, é possível constatar que a própria técnica fornece o antídoto para a rigidez dos roteiros esquemáticos impostos pelo modo de produção da Indústria Cultural. Assim, os roteiristas extraem das tecnologias mais recentes novas possibilidades criativas para tratar de temas-padrão que vêm desde o folhetim, tais como: gêmeos trocados, chantagens, usurpações de fortuna e identidade etc. Além disso, a técnica também pode aparecer como mola propulsora do conflito amoroso, já que muitas vezes é o pomo da discórdia de um casal no qual um ama o passado e o outro vê que o novo sempre vem. Ao colocar a tecnologia no epicentro da discussão, a telenovela às vezes corrobora, mas também pode seguir um caminho contrário do que prega o tecnopólio. Nas tramas, nem sempre a inovação tecnológica caminha junto com o progresso humano (POSTMAN, 1994).

Por fim, ao avaliarmos as inovações da novela advindas do surgimento da internet, são visíveis as tentativas do gênero para sobreviver à massificação do novo meio. “Se não há como vencer o inimigo, junte-se a ele” é um ditado que traduz os movimentos da teledramaturgia para continuar existindo. Um desses movimentos é o valor de culto adquirido por antigas produções disponibilizadas na rede mundial de computadores. Tal aspecto remete novamente a McLuhan, quando o teórico afirmava que uma nova tecnologia de comunicação transforma a anterior numa forma de arte (2005). Se a televisão consagrou o cinema como manifestação artística, a internet vem, em alguns casos, fazendo o mesmo com o principal bem cultural televisivo.

Outros esforços de sobrevivência do gênero são: a adoção de procedimentos dos reality shows e ainda a criação de sites para novelas específicas com as cenas disponibilizadas, o que gera outras formas de envolvimento com a trama. Em função dessas novas formas de fruição, a tal queda na audiência é mensurável, mas questionável. Uma solução para isso talvez seja a adoção de modos alternativos para a medição da audiência, que não levem em conta apenas a presença em frente ao aparelho de TV.

O resultado desses movimentos só o tempo dirá. O que hoje parece negativo poderá se transformar em algo positivo, ou seja, numa contribuição para o avanço do gênero. A única coisa certa é que haverá o desenvolvimento de habilidades que poderão responder à nova configuração do ambiente sempre imposta pelo surgimento de toda e qualquer tecnologia. Afinal, há na técnica novos modos de perceber, ver, ouvir, ler, aprender novas linguagens, novas formas de expressão, de textualidade e escritura. Isto porque, como bem avançou Heidegger a partir do pensamento de Husserls, a técnica tem a ver com a essência do ser humano, com sua capacidade de inventar, de fazer existir o que não existia.

Cláudio Felicio Pifano Silva é mestrando em Comunicação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Jornalista com graduação pela Universidade Federal de Juiz de Fora, cursou a Oficina de Roteiristas da Rede Globo de Televisão, ministrada por Flávio de Campos. Em 2005, recebeu Menção Honrosa no concurso de novos autores de novela promovido pela Rede Record de Televisão. Atualmente, é roteirista do Estúdio F, programa da Rádio Nacional do Rio de Janeiro dedicado a compositores e intérpretes brasileiros.
Referências Bibliográficas

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