Ano XI 0201
1º semestre de 2016
dossiê
Tempo de leitura estimado: 37 minutos

UMA CENA ESTÉTICA, SUBVERSIVA E FORA DE LUGAR

Resumo: A partir dos anos 2000, uma produção estética, multifacetada e colaborativa coloca em cena, de forma pungente, em toda a Baixada Fluminense, uma série de coletivos culturais, autônomos e realizadores. Um sintoma que aponta para uma complexa rede de criação simbólica territorial, autônoma e autorreferencial, alavancada pelas novas tecnologias e pela conexão em rede. A partir da inspiração de Gilles Deleuze e Felix Guattari (1995), este trabalho destaca o poder sobre a vida que reside em ações protagonizadas pelos pobres, ricos no entanto no poder de remodelar, a partir das próprias mãos, ideias e bits, a geografia cultural do território. Esse projeto político, de amor e de raiva, conflita, através da experiência direta, com a total inoperância do Estado em criar meios possíveis para a consolidação de políticas culturais que garantam o direito de 4 milhões de habitantes produzir, fruir, difundir e acessar produção de qualidade, de cultura e de arte.

Palavras-chave: Baixada Fluminense; coletivos culturais; arte; rizoma; pobres; migrantes.

Abstract: From the 2000’s, an aesthetic, multifaceted and collaborative production puts on the scene poignantly, in all Baixada Fluminense, a series of cultural collective, autonomous producers and directors. A symptom that points to a complex network of territorial symbolic creation, autonomous and self-referential, leveraged by new technologies and the network connection. From the inspiration of Gilles Deleuze and Felix Guattari (1995), this work highlights the power of life that resides in enthralled actions for the poor, rich, however, the power to reshape, from their own hands, ideas and bits, the cultural geography of the territory.
This political project of love and anger, conflicts, through direct experience, to the total failure of the State to create possible ways to consolidate cultural policies that guarantee the right of 4 million inhabitants produce, enjoy, disseminate and access quality production of culture and art.

Keywords: Baixada Fluminense; cultural collectives; art; rhizome; poor; migrants

 

Manual prático da política cultural de gangue

Outras narrativas e novos significados entram em pauta quando o século 21 se abre em múltiplas redes estéticas e culturais sob a inteligência dos enxames. Há a partir dos anos 2000, uma geração que expressa um projeto político para a Baixada Fluminense que é sensorial, visual, sonoro, escrito, declamado, performático, gingado, encenado, filmado e transmitido online, em tempo real, da Baixada Fluminense para o mundo. Da lama ao caos.

Bandos, coletivos, companhias, cineclubes, rodas de rima, de capoeira, bandas, grupos formados por jovens de todas as idades, das 13 cidades da região, afirmam um projeto de amor na raiva. Essa paisagem criativa organicamente experiencia um outro sentido de periferia, um outro sentido de Baixada Fluminense. Seu projeto de amor pode parecer equivocado num mundo como o nosso, onde as atenções dos recursos e investimentos em políticas públicas são, na maior parte das vezes, concentradas em micro-centros com interesses particulares que respondem a uma ordem global que legitima o poder contra os pobres, os negros, os favelados e periféricos, os nômades, as mulheres, as crianças, os jovens, os indígenas, os LGBT’s e todas as minorias.

Há um enfraquecimento muito bem operacionalizado das ferramentas democráticas por um jogo de forças que conjugam sucessivas crises econômicas, políticas e sociais, que não podemos deixar de reconhecer, que nos são desmotivadoras, paralisantes e violentas, sobretudo. A fome e o impedimento da livre circulação pelos territórios são as violências que mais testemunho acontecerem, todos os dias, por aqui.

Embora esse projeto de amor pareça deslocado, é somente através dele que essa cena tão jovem encontra suporte para a produção, a difusão, a descentralização e o acesso de obras fora de lugar: não estão, na maior parte das vezes, dentro de equipamentos físicos, sejam teatros, museus, centros culturais ou espaços de concertos e shows, estão nas praças públicas — ou quando também não existem praças, o que é muito comum em várias cidades — estão nas ruas; não estão sendo subsidiados por políticas ou programas culturais, sejam privados ou públicos, estão sendo alavancados, realizados e mantidos pelas redes e coletivos em franca colaboração e generosidade; não reproduzem o cenário de sangue, horror, miséria e carência, tão exaustivamente colados às periferias pelos meios tradicionais de comunicação e senso comum, são emblemas vivos de que o território é ativador de criação, estética, de produção de cultura, de linguagem, signos e conteúdos multidisciplinares quanto mais se olha pra dentro através de suas próprias lentes de aumento.

Sobre isso, Diego Bion, um dos idealizadores e principais realizadores do Cineclube Buraco do Getulio[1], de Nova Iguaçu, que em 2016 completa 10 anos de atividades ininterruptas, nos deixa claro que

hoje em dia a maioria do público que frequenta o Buraco é de classe média, está ali entre 18 e 25 anos, e não vive a cidade: eles têm o Rio como centro da cena, como lugar que tem as coisas bacanas a serem feitas e descobertas, o que faz a gente [o coletivo] viver num eterno momento angustiante com a memória desse território. A partir disso a gente tem uma história contada sobre esse território que é uma outra história. A história que é difundida não é a história da potência, da realização, do cara sem grana que pega um giz e vai fazer poesia nas portas das lojas pelas madrugadas, o cara que usa a máquina de Xerox da empresa que trabalha pra fazer os fanzines de poesia e divulgar, não é essa superação, esse poder que tá colocado, é um outro lugar. Quando a gente consegue fazer essas pontes, entre os poetas, as obras e as resistências de outras décadas e essa garotada que tem vergonha de Nova Iguaçu, a gente tá de alguma maneira dando um ponto. E é só um ponto, têm muito mais pontos pra serem dados, pra serem costurados, mas esse ponto é fundamental.[2]

Através de processos autênticos de singularização, calcados na capacidade criativa e nas resistências individuais frente a modelos “prontos” de vida, artistas, pesquisadores, produtores, professores e toda uma sorte de realizadores e agitadores culturais, demarcam com novos sentidos e significados as fronteiras desse grande espaço urbano periférico, de quase 4 milhões de pessoas, que é a Baixada Fluminense.

Contraproduzem dentro dos limites de um sistema que, ao mesmo tempo em que reprime, gera energia à resistência e garante ao território uma representação social positivada, criativamente bem “inventada”, cujas fronteiras geográficas estabelecidas pelos mapas oficiais não conferem com a dilatação provocada no conceito “território” pelos seus artistas, agentes, ativistas e produtores independentes. Aliás, mapa não é território!

O “Faça Você Mesmo” é um sintoma marginal, contemporâneo em todo o mundo, e um forte indício de que essa fermentação cultural não é um produto da “Arte pela Arte” ou da busca pelo conhecimento dos padrões da “Alta Cultura”. Mas, para além de uma “vontade de realização”, percebemos nesses militantes e agentes uma significativa vontade democrática de poder.

Exibição do Cineclube Buraco do Getúlio, na Praça de Direitos Humanos, centro de Nova Iguaçu, 2016.
Exibição do Cineclube Buraco do Getúlio, na Praça de Direitos Humanos, centro de Nova Iguaçu, 2016.

Alguns coletivos autônomos, como podemos exemplificar com o Cineclube Mate com Angu[3], de Duque de Caxias, com o Fala (Fábrica de Apoio à Linguagem)[4], de Belford Roxo, e com a Geração Delírio[5], de Mesquita, nos produzem uma sensação de orbitarem em volta de um modelo anárquico, assistemático e acentrado, desterritorializando, deslocando os lugares comuns de produção da cena na metrópole Rio de Janeiro. Criam um verdadeiro mapa afetivo e de ações concretas, inspirado talvez no anarquismo, invertendo os modelos da relação de emissão e recepção do conteúdo, ou invertendo o fluxo da “migração” na busca pelo acesso: pessoas de vários pontos da metrópole se deslocam à noite e se aventuram no caótico transporte público para serem frequentadores, na Baixada Fluminense, de suas sessões cineclubistas, festivais de rock, festas literárias, saraus.

Uma das ações da Geração Delírio, o Cabaré Viaduto é um exemplo disso. Os integrantes do coletivo se reuniam embaixo do único viaduto de Mesquita em festas de artes integradas, em que rolavam saraus, shows, circo e toda a sorte de ações culturais propostas e conduzidas tanto pelos idealizadores quanto pelos frequentadores do lugar. O coletivo teve um dos momentos mais ricos de suas ações quando a Geração Delírio buscou a “perda de controle”, conforme nos traz Emerson Noise, um dos integrantes e idealizador das ações:

Havia noites que nossos Cabarés eram totalmente organizados pelos poetas, pelos bêbados, pelos músicos, pelos atores e até mesmo pelo público (risos). O lema “Circo e Cerveja Gelada” é claro que estava a salvo, mas era bom ver bandas de vários locais do Rio e da Baixada chegando e tomando conta do Bar, ou fazendo o roteiro das apresentações, cada um organizando da sua maneira. Taí algo que explica a alma do que acontecia debaixo daquele viaduto. Poder, mana, poder de geral![6]

Gosto de pensar esse “poder de geral” como essa vontade democrática de poder dos diferentes e marginais, o poder da pluralidade de indivíduos singulares. O que Hardt e Negri chamam de poder da Multidão.

Cada sinal de corrupção do poder e cada crise de representação democrática, em todos os níveis da hierarquia global, defronta-se com uma vontade democrática de poder. Este mundo de raiva e amor é o verdadeiro alicerce sobre o qual repousa o poder constituinte da multidão. (…) A multidão é composta de diferenças e singularidades radicais que nunca podem ser sintetizadas numa identidade. O povo é uno. A população, naturalmente, é composta de numerosos indivíduos e classes sociais diferentes, mas o povo sintetiza ou reduz essas diferenças sociais a uma identidade. A multidão, em contraste, não é unificada, mantendo-se plural e múltipla. A multidão é composta de um conjunto de singularidades – e com singularidades queremos nos referir a um sujeito social cuja diferença se mantêm diferente. (…) A multidão designa um sujeito social ativo, que age com base naquilo que as singularidades têm em comum. A definição conceitual inicial de multidão representa um claro desafio para toda a tradição da soberania. (…) Quando dizemos que não queremos um mundo sem diferenças raciais ou de gênero, e sim um mundo no qual não determinem hierarquias de poder, um mundo no qual as diferenças possam expressar-se livremente, estamos exprimindo um desejo da multidão. As diferenças não têm caráter limitador, negativo e destrutivo: são a nossa principal força para transformarmos radicalmente o mundo.

Os Cabarés Viaduto aconteceram no Setor BF, exatamente embaixo do único viaduto do município e que preserva, até hoje, uma singular história com a cultura de resistência local. A Geração Delírio cria uma linguagem estética muito própria e isso faz com que a ação vá ficando com a cara de quem faz e de quem consome, o tal dito “público-alvo”. Este, inclusive, inverte o processo e se torna o artista ao subir no palco e declamar um poema, mandar um recado, tirar a roupa ou distribuir seu próprio fanzine. As festas começam a ser colaborativas a tal ponto que o bar muitas vezes é “esquecido” por quem cansou de estar atrás do balcão e foi dançar um pouco e, consequentemente, é assumido por quem achou melhor retomar a venda das bebidas e deixar de lado a curtição da festa.

Aos poucos, a linguagem dos Cabarés torna-se elemento vivo de um discurso orgânico, o qual acompanha o dinamismo da vida e se refaz a cada edição. Novos integrantes chegam, outros se mudam de cidade, alguns simpatizantes se juntam e assumem funções de organização junto ao coletivo. O público, cada vez maior, vinha de diferentes cidades. Bandas, todas sempre autorais, já chegavam na intenção de tocar, caso algum imprevisto acontecesse com uma das escaladas ou caso ainda houvesse espaço para uma jam.

O público era variado, mas nitidamente alternativo, com pegada roquenrou poética subversiva estética (sim, uma galera muito expressiva nas indumentárias e na decoração dos ambientes!). Assim como no Cineclube Mate com Angu, os produtores realizavam pra se divertir e ver seus amigos se divertindo. Bem no clima “Luiz Gonzaga do rock”, queriam só “alegrar a cidade”. Política de gangue é isso.[7]

Eflyer da primeira festa Cabaré Viaduto, produzida pela Geração Delírio, 2009.
Eflyer da primeira festa Cabaré Viaduto, produzida pela Geração Delírio, 2009.

A nossa gangue tem um ideal de raiz. Nesse sentido, importante invocar salve-salve a dupla dinâmica (!) Deleuze e Guattari, que pontua, em boa parte de sua obra, o conceito de rizoma, que tomamos aqui para compreender a dinâmica dessas ações que acontecem na Baixada Fluminense. Rizoma é entendido como um ideal onde nada se desenvolve para um determinado fim, para um determinado fruto: o resultado não existe, o que existe é o movimento no qual os encontros, as trocas e as colaborações são a base para que as raízes estejam, no desenho horizontal, claro, sempre se conectando, sempre se alongando, crescendo, nunca terminado, fechado, verdade única, universal, suprema, definitiva. Mais para espectro do que para fisicalidade. Ele é entendido não em sua origem ou essência, e sim em um momento específico em que ele é ou está sendo. O rizoma “é”, “entre”, as coisas. O rizoma tem como tecido a conjunção e… e… e…

Os agenciamentos “entre” singularidades, entre potencialidades, entre ações comuns, entre agentes que se movem por ideias e anseios comuns se conectam num grande rizoma, a uma grande teia. As relações existentes em todas as esferas sociais, e visivelmente intrínsecas aos agenciamentos colaborativos e criativos dos novos modos de produção, representam um processo contínuo, sem início e fim, que coloca em contato informações, saberes, práticas, sentimentos, afetos, crenças e desejos, gerando espaço para o conflito, o tensionamento entre visões, atitudes e apoderamentos, cerne do agir político e do exercício democrático.

É aí que identificamos as redes, os artistas e as políticas culturais de dezenas de iniciativas que através das últimas décadas, mas, sobretudo, dos últimos anos, com forte presença nas redes sociais, representam uma Baixada Fluminense positiva, vibrante, apoderada e autônoma.

O mundo dos migrantes ou os estratagemas dos pobres

A partir dos anos 2000, amparados pelas novas tecnologias de informação e pelas redes de apoio que sustentam as realizações – de saraus a espetáculos teatrais, de festas juninas a bailes funk – as intervenções culturais de caráter comunitário e colaborativo são alavancadas por espaços próprios de visibilidade e por uma capacidade reveladora do comum, intrínseca dos pobres, esquizos (Deleuze e Guatarri, 1995) rebeldes e nômades. Os bárbaros, ciganos, arruaceiros e vagabundos de todos os tipos produzem novos sentidos para as coisas, trazem uma experiência que questiona e subverte o que já está colocado, o poder instaurado. Podemos dizer que isso é histórico, inclusive. É um pouco do que Diego Bion nos traz nessa fala:

A nossa festa não tá desassociada do posicionamento político, isso tá junto. Festejar, pra gente, é um ato político. Quando a gente faz uma sessão depois da gente ter perdido o Nem[8] como a gente perdeu, e ir lá no microfone, em praça pública, e falar desse crime, do descaso com os direitos LGBTs e da homofobia, não deixa de ser colorido e não deixa de ser doloroso. Só não é didático, não é careta, não é parnasiano, é uma outra proposta de enfrentar a dor.[9]

Assim, os autores do livro Império, Hardt e Negri, nos convidam a pensar em uma espécie de “república universal”, uma trama de poderes e contrapoderes capitaneada pelas culturas reducionistas e violentas do Capitalismo e pela soberania do Estado. Essa rede é dada através de um suporte continuamente inclusivo e ilimitado – não deixando nada nem ninguém do lado de fora.

Ela é conectada por muitos fios, tensões e relações e ao se absorver da vida social e das invenções dos que vivem nela, o Império inclui ao mesmo tempo em que exclui. É rede de poder. Mas também de potências. Por isso, a potência do comum está presente nos arruaceiros, artistas, subempregados de todas as sortes de nossas sociedades. “Estão ativos dentro da esfera da produção social mesmo quando não ocupam uma posição assalariada. Não é verdade que eles não fazem nada. As próprias táticas de sobrevivência exigem extraordinária habilidade, artimanha e criatividade” (Hardt e Negri, 2005, p. 178).

Quando as ideias, as emoções, os desejos e as relações comuns da Multidão são colocados para trabalhar, opondo-se, de certa maneira, às ordens do patrão, representam aí um enorme potencial para a transformação social positiva. É um pouco disso que o texto de 2012, do programa da Sessão Pipa Avoa, sessão comemorativa dos 10 anos do Cineclube Mate com Angu, traz numa série de referências sobre a atuação em rede:

Não dá pra soltar pipa sozinho e se tem uma imagem que é triste é o tal soltar pipa no ventilador… Isso porque ela é potente metáfora pra sentimentos muito intensos que habitam o coração humano desde muito tempo. A graça da pipa é que ela é uma brincadeira coletiva, de bonde, e ainda sim preservando uma importante sensação de individualidade na condução da linha, no dibicar. Igualzinho ao Cinema que a gente acredita. E juntando gente nova e gente mais velha, menino e menina – incluindo sempre. Tudo bem que hoje quase ninguém faz mais sua própria pipa – compra-se pronta – mas ainda há um quê de artesanato nela também. Igualzinho ao Cinema que a gente acredita. A pipa precisa da natureza pra exercer sua afirmação – no ar ela tem o seu próprio jeito de seguir o desenho do ar; e precisa da cultura, do conhecimento partilhado. Mas o mais revelador do ato de soltar pipa é a lembrança do sentimento de liberdade que está em todos nós e está na busca por um Cinema livre e libertador – mesmo quando não se tem essa ideia conscientemente. Fazer um filme, fazer uma sessão cineclubista, viver prazerosamente, tem muito a ver com chamar os amigos pra curtir uma pipa, sentir o vento na cara, rir solto, esgarçar o tempo, esse tempo em que a Máquina capitalista insiste em nos cobrar como fatura. E assim o Mate com Angu, o cerol fininho da Baixada, chega aos 10 anos de aventuras. Hoje a linha chinesa domina o mercado, mas os carretéis comprados nos armarinhos da vida eram o dezão e o dezinho… 10. Dez soltando pipa, fazendo amigos e provocando muito. E é bom que vendo nossa cidade hoje dá pra sentir em todos os cantos surgirem novos ares frescos, desafiando a aridez de uma terra marcada pela violência do coronelismo, da corrupção e da autoestima massacrada por décadas. E isso é alentador também. Que o Audiovisual siga ajudando esse processo de libertação na Baixada Fluminense e em todos os cantos de todo esse país imenso e desigual. A cabeça tem que ser uma pipa que avoa![10]

As cabeças “avoadoras” da Capa Comics[11] estão cumprindo o que pede Heraldo HB, não pelo audiovisual, mas através das histórias em quadrinhos. O coletivo de quadrinistas, originário também de Duque de Caxias, é comumente destaque em jornais e telejornais de grande circulação desde que surgiu em 2012, retratando a Baixada Fluminense e seus imaginários, lendas, personagens, vilões, mitos e heróis.

O grupo formado por designers, roteiristas e ilustradores locais tem um grande e único objetivo: criar e difundir um gibi regional com personagens que conversem com a nossa realidade da Baixada. João Carpalhau, um dos idealizadores da revista Capa Comics que já está em sua quinta edição física, pergunta: por que todo super-herói tem que nascer nos EUA? Na Capa Comics — que está em sua quinta edição, conta com uma versão online, uma gibiteca e prepara uma websérie — Magé, Belford Roxo, São João de Meriti, Queimados, entre outras cidades, nos indicam que há muito mais imaginário popular sobre a região para ser explorado do que se possa supor.

Se você nasce na Baixada Fluminense é impossível não conviver com a pobreza. Por onde você passa ela está ali… Quando eu era moleque eu tinha uma banda e pra cortar caminho eu tinha que cortar o Lixão (uma favela na área central de Duque de Caxias) para chegar no bairro Lagunas e Dourados para ensaiar… e estava ali o movimento vendendo as paradas, a molecada sendo aliciada… Hoje passo pelo mesmo caminho e o contexto é 10 vezes pior por causa do crack e de todo o cenário que ele traz. E isso é muito triste. A relação do nosso poder enquanto Capa Comics está no que fazemos, na riqueza das histórias e dos personagens que contamos dessa região, as lendas urbanas, os enredos incríveis de personagens invisíveis, enfim, representar, criar essa representação e transformar em gibi e isso cair na mão de uma mina, de um moleque e eles poderem sacar que podem brincar com a realidade, podem inventar uma outra, mais legal e mais fantástica, pô! Esse é o poder. Eu conheço o Cristiano há mais de 20 anos quando fizemos nosso primeiro curso de Quadrinhos, no Largo do Machado, nos anos 90. Eu tinha 15 anos. Nós éramos os primeiros a chegar no curso, todo sábado de manhã. Eu saía de casa 5h30, 6h, andava até a rodoviária pra pegar um ônibus até a Central do Brasil e de lá o metrô. O Cris vinha de Imbariê, imagina, o cara acordava às 4h. E lá no Largo do Machado, o professor, que era o Charles, quando via a gente, moleque, cedinho lá, falava: “Caramba, vocês são os que moram mais longe, os que mais gastam tempo pra chegar aqui e os que nunca atrasam!” É isso, quem tem um sonho, não se atrasa. E teve um lance que também é emblemático dessa época: o Castelinho do Flamengo era um espaço de referência pro circuito de quadrinho no Rio de Janeiro e lá ia rolar um evento que trazia o Bill Sienkiewicz, o desenhista do Eléktra, e a gente, moleque, claro que tínhamos que ter o autógrafo, ver e ouvir o cara que era o “Leonardo da Vinci” do quadrinho. E a gente foi pra lá mas não conseguiu ficar até o final e tentar o autógrafo. Por que não conseguimos ficar até o final? Condução, a Baixada Fluminense é longe, ainda mais naquela época que não tinha condições de pegar o trem, era muito capenga, sujo, perigoso. Não tinha nem Linha Vermelha ainda, era um outro contexto. Quer dizer, porque a gente morava onde morava, teve que sair bem antes de todo mundo e voltar com aquela frustração, sem o autógrafo. Beleza. Hoje a gente tá lá no Castelinho do Flamengo ministrando uma Oficina de Quadrinho através da Capa Comics que, por sua vez, é fruto dessa frustração e desse poder inventado pelos pobres que tiveram que sair mais cedo[12].

Detrito, Tenório Cavalcanti, Não-Tão-Super, Seu Joel, A Grafiteira, Polly e Pumpkins: alguns dos personagens criados pela Capa Comics.
Detrito, Tenório Cavalcanti, Não-Tão-Super, Seu Joel, A Grafiteira, Polly e Pumpkins: alguns dos personagens criados pela Capa Comics.

Cristiano Ludgerio, também integrante da Capa Comics, chama atenção para o surgimento da internet como dispositivo essencial para a evolução de seu próprio trabalho como roteirista e ilustrador:

Eu venho de um bairro [de Duque de Caxias] chamado Imbariê, muito afastado do centro da cidade. Antigamente era difícil unir a vontade de uma criança em aprender arte ao fato dela morar muito distante do centro do Rio de Janeiro. A situação era bem apertada na época pra gente pagar uma passagem cara. O poder veio junto com a internet, né? Pra mim foi muito importante porque busquei material pra estudar. Acabou gerando poder para a evolução do meu trabalho. Hoje a gente mostra o trabalho da Capa Comics para o mundo, ela chega a lugares que o Coletivo nunca estará. Ou seja, podemos contribuir para a Baixada Fluminense ser mais universal do que ela já é, quebrar as fronteiras do estigma, da falta, e apresentar Arte. E a gente acaba tendo esse poder, parece que a gente está meio isolado aqui, mas a gente “só” está sendo visto o tempo inteiro (risos)[13].

Além das possibilidades que a internet traz para o trânsito e o acesso aos produtos culturais das periferias, o direito às praças públicas, ao uso dos espaços urbanos por saraus, sessões de cinema, festivais de rock, mostras de música, roda de rima, entre outras manifestações, constituem também atitude importante para o ir e vir, o construir e o constituir dessas ações. A apropriação desses espaços é parte de uma agenda política reivindicada por muitos ativistas e produtores culturais da Baixada Fluminense. Isso revela o momento histórico atual, em que outros modelos de políticas públicas culturais podem ser experimentados a partir de projetos e processos embrionários, e todo um modus operandi forjado por arranjos produtivos vindos de favelas e periferias que são carne viva de toda a produção social.

O autoritarismo e o velho ranço de muitas prefeituras locais, no entanto, não permitem a democratização do direito às ocupações criativas de espaços públicos. São variados, e dependendo da gestão pública, “disfarçados”, os dispositivos que tentam negar esse direito.

Em 2013, o Festival Roque Pense![14] —  um dos maiores e mais importantes festivais de cultura antissexista do país, pensado e produzido por produtoras culturais e feministas residentes e atuantes na Baixada — teve a realização de sua segunda edição, que seria em Nova Iguaçu, impedida, por conta das tamanhas dificuldades impostas para receberem a autorização de utilização da Praça do Skate[15].

O documento de autorização para utilização da Praça com todo o aparato de segurança municipal necessário era o único instrumento e esforço necessário da secretaria Municipal de Cultura para ser parceira do projeto — já que o patrocínio da Petrobras Cultural através da aprovação em seu edital público e o co-patrocínio da Caixa Econômica Federal já garantiriam a realização dos quatro dias do Festival, no centro de Nova Iguaçu. E mesmo assim não foi concedido pela prefeitura. A organização do Festival produziu uma Carta Aberta de Repúdio e eu destaco o trecho abaixo:

Todos os dias muitos desafios são lançados a quem bota a mão na massa e ousa fazer o que os ciclos de governos locais, historicamente, negam: produzir, difundir e promover acesso a bens culturais de qualidade. (…) A fim de produzir cultura em cidades marcadas, em pleno século 21, por práticas oligárquicas, fortemente centralizadoras, principalmente no campo da Cultura, os movimentos artísticos locais suam a camisa pra educar seus gestores públicos, ensinando lições básicas, como, por exemplo, a diferença abissal entre promoção de eventos e a formulação necessária de políticas públicas culturais que garantam a criação e a circulação de produtos e expressões, independentemente de governos. (…) Entra prefeito, sai prefeito e as velhas formas de governar perduram: os espaços públicos são privatizados, as praças perdem o espírito e o apelo popular à medida que as prefeituras se apropriam de tais lugares e barganham as autorizações locais conforme melhor lhes convêm. (…) O Festival Roque Pense!, que faz o enfrentamento aos velhos padrões estabelecidos pelo machismo através da música e da produção cultural, numa região em que a discussão sobre gênero é nula, está, dia após dia, superando, bravamente, os amálgamas de uma tradição que varre pra debaixo do tapete iniciativas protagonizadas por mulheres e que gritam causas urgentes. Falamos de rock e de produção cultural feitos por mulheres na região que lidera os índices de violência de gênero no Estado. Portanto, nos negarem o direito à cidade, às praças e às ruas só reforça o sintoma que nossas gestões públicas continuam doentes, cegas, surdas e insensíveis às demandas que mais sangram em nossas cidades. (…) Prefeitos passam, a população fica. Secretários de Cultura passam, os produtores e artistas ficam. A cidade é nossa, fora coronéis![16]

Show realizado na 3ª edição do Roque Pense, em 2015.
Show realizado na 3ª edição do Roque Pense, em 2015.

O projeto naquele ano migrou para Mesquita e em 2016 cumprirá sua quarta edição, se afirmando como um projeto de cultura urbana com ênfase no rock and roll feito, tocado e produzido por mulheres. O Festival é itinerante pelas cidades da Baixada Fluminense e cumpre uma agenda política fundamental no território, debatendo o sexismo e afirmando os direitos da mulher em uma das regiões que mais apresentam feminicídio[17] no país.

Pela nossa democracia: do direito às subjetividades e às novas barbaridades

Importante destacar a produção viva que corta a carne de todos esses trabalhos que é, antes de tudo, de subjetividade, à luz do conceito de Guattari sobre o lugar da criação de singularidades na sociedade da “reprodutibilidade técnica”. Como somos e como encaramos o mundo: tudo isto é criado através dessa produção de subjetividade.

As redes elaboradas pelo comum, baseadas na comunicação, na colaboração e nas relações afetivas são o suporte do trabalho imaterial que só pode ser realizado em comum, sob a estrutura de um grande rizoma, “tais mutações de subjetividade não funcionam apenas no registro das ideologias, mas no próprio coração dos indivíduos, em sua maneira de perceber o mundo, de se articular com o tecido urbano, com os processos maquínicos do trabalho e com a ordem social suporte dessas forças produtivas” (Guattari; Rolnik, 2010, p. 34). E, cada vez mais, essas redes reinventam outras redes independentes de cooperação, outras linhas capazes de reproduzir outros tipos de organizações do comum, que apostam no subjetivo, no imaginário, nos recursos intelectuais.

Nesse sentido, vale a pena falarmos do Gomeia Galpão Criativo que surgiu da necessidade de coletivos culturais e empreendimentos criativos se reunirem sob uma mesma laje para potencializarem os vários projetos e ações já realizados em coletivo, compartilharem recursos e clientes, co-criarem iniciativas e gerirem, juntos, um galpão e todas as suas atividades. Alguns coletivos que há 10, 15 anos já se organizavam de forma “pirata”, sem parcerias ou apoios contínuos com empresas ou esferas públicas, a partir de 2015 se lançam como negócios criativos e imprimem às empresas valores maturados até então nas redes colaborativas que integram.

A ideia vai além de um coworking tradicional: agregar num só espaço empreendimentos de impacto sócio criativo, que pensam e agem por um território com mais potência realizadora. A partir de processos coletivos que inspiram modelos de negócios forjados na economia da abundância, através do trabalho imaterial e simbólico, característicos da era da informação e do conhecimento, os empreendimentos que hoje se reúnem para o primeiro time que irá ocupar o galpão, no centro de Duque de Caxias, são fortemente marcados pela produção de tecnologia, cultura, arte, comunicação, arquitetura e pesquisa. A Popular Arquitetura, a Virtù Produções, o Observatório Social, a Memory Audiovisual, o Cineclube Mate com Angu, Aguassu – Soluções em Tecnologia, a Terreiro de Ideias: Arte, Comunicação, Cultura e a Dunas Filmes são empresas e grupos que já atuam em rede há décadas, quando os integrantes participavam de coletivos e de ações conjuntas para produzirem filmes, espetáculos musicais, sessões de exibições de curtas, festas, produções teatrais, publicações de cordel, de fanzines, produção de saraus, entre outros, pela Baixada Fluminense.

O trabalho em coletivo foi tão potencializado com o passar dos anos que os mesmos jovens que se profissionalizaram através das práticas e dos fazeres espontâneos, aprendendo e descobrindo linguagens estéticas que revelavam o território e suas relações identitárias com ele, hoje se profissionalizaram, buscaram formação e instrumentalização para garantirem sua sustentabilidade e seu sucesso profissional através de trabalhos e produções que… continuam em rede e fortemente marcados pela colaboração e pelo compartilhamento. As áreas de atuação desse primeiro grupo que participam do Gomeia Galpão Criativo são: Produção Cultural – as duas produtoras culturais, Terreiro de Ideias e Virtù Produções, dirigidas pelas produtoras Dani Francisco (que conta ainda com Giordana Moreira e Leticia Suevo) e Clara de Deus, respectivamente; Projetos e soluções em Arquitetura Sustentável – Guilherme Zani coordena o empreendimento que pensa Arquitetura como possibilidade igual de acesso para todas as camadas populares; Produção Audiovisual – Produção, direção, montagem, finalização, edição de vídeo, elaboração de roteiro, execução de oficinas, sessões cineclubistas, entre outras ações audiovisuais, capitaneadas pelo Cineclube Mate com Angu, Memory Audiovisual e Dunas Filmes! Tecnologia e Web – Soluções variadas em tecnologia, design, aplicativos, sites, blogs, e consultorias em web são as principais atuações da Aguassu Tecnologia composta pelo jornalista e midiativista Arthur William e pelo geógrafo e designer Thiago Ribeiro.

O Gomeia Galpão Criativo é uma marca criada para que esse grupo (e outros empreendimentos que irão integrar posteriormente o espaço) ocupem um galpão de 360 m², cuja estruturação física básica para funcionamento teve sua obra iniciada em dezembro de 2015, após 45 dias de uma campanha de financiamento coletivo[18] através da plataforma Benfeitoria, que bateu a meta de R$ 29.000,00 e arrecadou R$ 45.000,00. Essa campanha, além do financiamento inicial, trouxe também força e visibilidade para o projeto, que contou com a colaboração de cerca de 250 “benfeitores”. A expectativa é que o galpão seja ocupado até maio de 2016.

Imagem que virou símbolo da campanha de financiamento coletivo do Gomeia Galpão Criativo, 2015.
Imagem que virou símbolo da campanha de financiamento coletivo do Gomeia Galpão Criativo, 2015.

Os impactos culturais gerados a partir das redes do Gomeia podem também ser entendidos como vetores capazes de estimular novos espaços compartilhados pela Baixada Fluminense, estímulo à produção cultural criativa, de geração de conteúdos digitais, de estética, entre outros.

Nossas faculdades criativas, psíquicas, emocionais e intelectuais integram a nossa moeda de trabalho, o nosso maior capital: o cognitivo. Aquele capital diferente do gerado pela mão de obra empregada pela fábrica, e sim o capital que somos, gerado pela nossa capacidade de criação e comunicação. De criação e realização. Pela nossa capacidade política. O Gomeia Galpão Criativo, entre tantos outros movimentos da região, forma essa poderosa cartografia afetiva e realizadora. Uma cena que pouco a pouco começa a revelar uma intensa capacidade de se profissionalizar e se instrumentalizar para competir por financiamentos públicos e privados via editais, leis de incentivo e financiamentos coletivos para suas ações, muitas já consolidadas pela temporalidade, qualidade, diálogo e inserção no território e capacidade de articulações de parcerias institucionais. Esse amadurecimento retrata um mapa vivo que inventa seu lugar e afirma seu projeto político através da memória, da potência e da criatividade.

Tudo isso constitui o foco das discussões, análises e produções de conhecimento do Território Baixada, programa produzido pela Terreiro de Ideias, que reúne artistas, produtores e pesquisadores e propõe um espaço de trocas acerca da produção de cultura e de arte do território. Em um ciclo de encontros entre artistas, coletivos, pesquisadores e produtores, debates, laboratórios e apresentações artísticas refletem os processos criativos da região e suas proposições.

O programa conecta as redes, as obras e as produções de pensamento desse mapa, territorial e afetivo, com ênfase no fortalecimento dos trânsitos entre outras periferias, linguagens e atores. Os encontros investigam os caminhos da criação e da produção num diálogo entre agentes e artistas experientes e novos, cujas realizações são de relevância para a cultura, não só local como a do país, radiografando os processos autônomos que não vêm da universidade, da mídia tradicional, da iniciativa privada, do partido político: vêm de um lugar fora de lugar.

Com duas edições anuais realizadas em 2014 e 2015, o Território Baixada promove a participação de poetas, escritores, atores, diretores de cinema e teatro, músicos, produtores culturais e historiadores da região, com foco curatorial em realizações que se destacam pela relevância temporal e pelo conteúdo e estética abordados. Nas edições realizadas em 2014 e 2015, com a parceria do SESI Rio, Prefeituras Municipais de Nilópolis e Duque de Caxias, Instituto Federal de Educação e Tecnologia do Rio de Janeiro e Rede Globo, o programa contou com um público de mais de mil espectadores, com a participação de 77 realizadores da região entre debatedores e mediadores e 19 apresentações artísticas e culturais.

Foram realizadas duas exposições em homenagem aos trabalhos de grupos e redes do território: Desmaio Públiko, TV Maxambomba, Imaginário Periférico e Centro Cultural Donana. Em 2015 a visibilidade ao cenário cultural da região gerou importantes impactos, como a participação da Secretária de Cidadania e Diversidade do Ministério da Cultura, Ivana Bentes, no encerramento do Território Baixada, em julho, participando do debate “Baixada Fluminense: direitos e políticas culturais” com mais de 300 artistas, produtores, ativistas da região, colaborando com a ativação de várias redes culturais do território.[19]

Como consequência direta, em agosto, um grupo de produtores tentou articular a Roda de Conversa com Juca Ferreira no Ponto de Cultura Lira de Ouro, em sua vinda à região para o lançamento de uma série de editais do âmbito do Sistema Nacional de Cultura, por isso, a visita, dividida em duas partes: na parte da manhã, na Câmara Municipal de São João de Meriti e à tarde, na Lira de Ouro, espaço de importância resistência cultural, com 59 anos de existência.

Mesmo sofrendo contra todo tipo de pressão para que o ministro fosse ao Teatro Raul Cortez – um equipamento público municipal de Duque de Caxias – o grupo do qual fiz parte conseguiu sinalizar para o MinC a importância simbólica de estarmos na Lira de Ouro, não no Teatro, dando visibilidade, até então, para uma secretaria Municipal de Cultura nada operante que não produzia nenhum espaço de diálogo com os atores locais. Como consequência, a capa do Segundo Caderno de 4 de agosto de 2015, intitulada “Baixada em Alta”, chamou a atenção, em nível nacional, para a vibrante produção local, destacando os cases do Gomeia Galpão Criativo, Terreiro de Ideias, Festival Roque Pense!, Pirão Discos, Centro Cultural Donana, Cineclube Buraco do Getulio, Cia de Arte Popular e, claro, a Roda de Conversa com as Redes de Cultura da Baixada Fluminense com o ministro da Cultura, Juca Ferreira.

A Baixada está em alta há décadas e você não sabia. Por que será?
A Baixada está em alta há décadas e você não sabia. Por que será?

REFERÊNCIAS

HARDT, Michael, NEGRI, Antonio. Multidão. Rio de Janeiro: Record, 2005.

DELEUZE, Gilles; GUATARRI, Felix. Mil Platôs, Capitalismo e Esquizofrenia. vol.1.

Trad. Aurélio Guerra Neto e Célia Pinto Costa. Rio de janeiro: Ed. 34, 1995

HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Império. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2006.

GUATTARI, Félix e ROLNIK, Suely. Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis:

Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2010.

[1] Para saber mais sobre o Cineclube Buraco do Getúlio, acesse: www.facebook.com/buracodogetulio | www.buracodogetulio.blogspot.com.br

[2] Diego Bion em entrevista concedida à autora em 7 de março de 2016.

[3] Para saber mais sobre o Cineclube Mate com Angu, criado em 2002, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=QqrUk30zhDU | http://matecomangu.org | www.facebook.com/MatecomAngu

[4] O FALA é um coletivo de artes integradas. Conheça mais em: www.facebook.com/fabricadeapoioalinguagemartistica

[5] Geração Delírio – Coletivo de artes integradas, que existiu de 2009 a 2012 na cidade de Mesquita.

[6] Emerson Noise em entrevista concedida à autora em 21 de janeiro de 2012.

[7] Bia Pimenta, integrante do Cabaré Viaduto e do Cineclube Mate com Angu, em entrevista cedida à autora em 11 de dezembro de 2011

[8] Nem é como era conhecido Adriano Cor, um dos integrantes e idealizadores da Geração Delírio. Compositor cultural e produtor de moda, Nem foi violentamente assassinado em um crime de homofobia, na Baixada Fluminense, em 2015.

[9] Diego Bion, em entrevista concedida à autora em 7 de março de 2016.

[10] Programa da Sessão Pipa Avoa de Heraldo HB, julho de 2012.

[11] Para saber mais sobre a Capa Comics acesse: www.facebook.com/CapaComics | http://capacomics.com

[12] João Carpalhau em entrevista concedida à autora em  9 de março de 2016.

[13] Cristiano Ludgerio, em entrevista concedida à autora, em 9 de março de 2016.

[14] Para saber mais sobre o Coletivo e o Festival Roque Pense, acesse: roquepense.com.br  | www.facebook.com/RoquePense.

[15] A Praça do Skate de Nova Iguaçu é a primeira pista da América Latina e é um importante marco afetivo para skatistas, esportistas, músicos, ativistas culturais, entre outros. Acesse o trailer do documentário realizado pelo cineasta iguaçuano Paulo China em https://www.youtube.com/watch?v=cpoC11Hvbhc

[16] Carta elaborada pelo Coletivo Roque Pense!, em 2012, e na ocasião, lida em público em diversos eventos e publicizada na página do Facebook do Coletivo.

[17] Homicídio cometido contra a mulher ligado ao fato de ela ser mulher.

[18] Saiba mais sobre como foi a campanha de financiamento coletivo: benfeitoria.com/gomeia.

[19] Território Baixada in: youtube.com/watch?v=tzIOt-hlyWo.