Ano XV 030201
1º semestre de 2020
dossiê
Tempo de leitura estimado: 34 minutos

O A.R.T.E2 NAVEGANDO NO MAR DE HISTÓRIAS

1. A.R.T.E.2 e Mar de Histórias em parceria com a Associação de Moradores da Vila da Ilha do Fundão (AMAVILA).

Em março de 2019, em uma das etapas importantes para dar início aos projetos de extensão observamos que no acesso local da Vila da Ilha do Fundão há um templo evangélico, o Galpão Arte em Dança, um campo de futebol e um terreno baldio ao lado direito. Das cercanias avistamos o Parque Tecnológico, a Gráfica e o Depósito de móveis da UFRJ. À margem direita do Canal do Cunha está localizada a empresa Sermetal/Estaleiros e um manguezal com três píeres para desembarque da tripulação de pequenos barcos. Segundo a AMAVILA, a Vila é composta por 17 ruas distribuídas por uma a área de ocupação de 20.000 m2, habitada por 2.000 pessoas distribuídas em 350 residências aproximadamente. Há uma praça central com uma Igreja Católica e no entorno desta praça há algumas residências, onde também está instalado o terminal da linha interna dos ônibus da Cidade Universitária.

Desde o início da transferência ocasionada por decisão do poder público, a Vila foi ocupada por famílias de tipos sociais com hábitos diversificados acerca de seus saberes, vivências e inteligências. O modo de urbanização impositivo indica ter sido um motivo para esse local não apresentar seu próprio legado de tradição cultural. A fim de aprofundar esta observação, esta pesquisa dedica-se à tarefa de identificar a composição dos tipos sociais e os modos de vida dos moradores da Vila Residencial, ao observar como ocorrem suas relações cotidianas e buscar quais seriam as demandas solicitadas pela população local que pudessem ser contempladas de certo modo pelas atividades de extensão dos Projetos Mar de Histórias e A.R.T.E.2 (sigla para Arte Reciclagem Técnicas Educação e Extensão).

2. Breve histórico de ocupação da Vila pelos moradores

Entre os anos de 1949 e 1952 o Arquipélago de Inhaúma, formado por oito ilhas situadas na Baia de Guanabara, foi aterrado em grande parte pelo morro da ilha do Fundão para a construção do Campus da UFRJ. Por esse motivo, constatamos que os primeiros moradores da Vila Residencial vieram das ilhas de Inhaúma e em maior concentração nas ilhas de Sapucaia e do Catalão.  Em 1950, os operários que concluíram a obra do aterro da Cidade Universitária foram em parte incorporados como força de trabalho da UFRJ. Alguns destes trabalhadores (e seus familiares) atuaram como agentes de limpeza, vigilância e segurança e então tornaram-se moradores na Ilha do Fundão. Ao longo da década de 60, alguns familiares passaram a ter relações diretas ou indiretas nos postos de trabalho da Cidade Universitária da UFRJ. Em 1970, outras famílias que ocupavam as cercanias da Ilha do Fundão foram removidas pela Prefeitura Universitária, para atual localização da Vila, ao Sul da Cidade Universitária. Entretanto, a família Silva permaneceu com seus descendentes na Praia do Mangue, até 2018.

Atualmente com o advento da bolsa estudantil de auxílio moradia, os estudantes oriundos de diversas partes do Brasil e do exterior passaram a ocupar a Vila Residencial, morando em repúblicas construídas por moradores antigos, o que fez aumentar a demanda de infraestrutura do local. Por sua vez, este fator também gerou o aumento da atividade comercial com a abertura de restaurantes, bares, mercadinhos, salões de beleza, padarias e lojas de materiais de construção. Neste ínterim, as visões de mundo dos estudantes e demais moradores apresentam focos distintos em razão da noção de pertencimento à comunidade.  Apesar do crescimento econômico na Vila, percebemos pouca mescla cultural entre os tipos sociais locais, pois alguns moradores antigos entendem que os estudantes são hóspedes e por isso deveriam ser mais comedidos na forma de expressar seus modos de vida.

3. Os desafios do aprendizado social

Reunimos nossas atuações acadêmicas específicas e a vontade de realizar as atividades coletivas para além das cercanias da EBA/UFRJ. Uma questão inicial se deu em relação a como se formar grupos extensivos, comprometidos em todas etapas dos projetos e oficinas. Através da experiência em projetos de pesquisa no âmbito do PIBIAC e do PIBIC, desenvolvemos estratégias didáticas para o ensino das artes visuais nos diversos segmentos educacionais que envolvem ações de extensão. Os conteúdos teóricos relativos à arte, reciclagem, técnicas, memórias, saberes, educação e extensão são apresentados nos congressos, nos seminários acadêmicos e regularmente na Semana de Integração Acadêmica (SIAC) da UFRJ.

No sentido da arte, da educação e de técnicas desenvolvidas para as artes (plásticas, digitais e computacionais), acreditamos poder oferecer em oficinas práticas condições necessárias para ampliar o horizonte de experiências que estimulam a imaginação, tanto poética quanto geradora  de renda para novos artesãos. Discutimos as proposições apresentadas pelos participantes e a viabilidade destas para adaptar atividades em andamento e oficinas com potencial de serem realizadas. Assim, a participação dos estudantes, técnicos e comunidade convidada coloca como um desafio constante sobre os modos de ampliação das ações a fim de despertar o interesse do público nos projetos existentes. Este procedimento reforçou a aprovação dos projetos submetidos à congregação da EBA e à PR-5/UFRJ. A promover os interesses e necessidades da sociedade, os Projetos A.R.T.E2. e Mar de Histórias se comprometem com a comunidade acadêmica, sustentada no tripé ensino-pesquisa-extensão, pelas ações formuladas e aplicadas de acordo com o termo de parceria firmado entre a AMAVILA os coordenadores do projeto, para o interstício de junho/2019 à junho/2021. O encontro se deu em razão de uma demanda em atender ao projeto de extensão por Universidades Brasileiras, que promove a participação efetiva da comunidade acadêmica em outras esferas a fim de beneficiar a comunidade extramuros, fomentando possibilidades de transformação da sociedade.

O projeto A.R.T.E.2 (sigla para Arte, Reciclagem Técnicas Educação e Extensão) associado ao projeto Mar de histórias: tecendo redes de afeto trata dos parâmetros da educação interdisciplinar e interprofissional dialogando com os laboratórios de pesquisas acadêmicas LaMIE e LAB01 da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e ainda colaborando junto a outros projetos de pesquisa e extensão a universitária da UFRJ e ONGs do Rio de Janeiro.  Nesses projetos são mediados conteúdos programáticos baseados nas disciplinas de cerâmica, arte digital e computacional, desenho e animação, criação da forma-composição e da cor-perspectiva. Os projetos dialogam com os métodos gerativos e construtivos da imagem para realizar uma produção de artefatos, através de suas oficinas, operando como geradores de uma identidade visual capaz de agregar valores culturais locais.

Com o objetivo de disseminar as modalidades de expressão artística interligadas aos contextos culturais e educacionais nas comunidades, o Projeto A.R.T.E.2 promove métodos de ensino artístico inclusivo e democrático. Contando com a preciosa atuação dos técnicos e dos monitores mediadores selecionados após cursarem as disciplinas regulares de artes.  As oficinas com a produção conversam artística contemporânea, com os conteúdos sobre reciclagem e as técnicas artísticas que possam ser aplicados em diversos contextos socioculturais:  técnicas de modelagem, tipos de moldes, gravura em tecido e papel, encadernação, máscaras e cultura brasileira; mulheres aristas brasileiras, desenho de paisagens, pessoas, fauna, flora e mobiliário urbano, matilhas encontradas na UFRJ, mulheres artistas da EBA/UFRJ, arte cerâmica e arte digital.

Por sua vez, o Projeto Mar de Histórias: tecendo redes de afeto, teve início dentro do Campus Fundão, posteriormente estendeu-se para a cidade de Paraty e para o Observatório do Valongo na cidade do Rio de Janeiro. O plano de trabalho considera que a partir da oralidade, o narrar vem se tornando uma experiência enfraquecida. O projeto consiste em oferecer cursos de desenho de livre e de técnicas de silk screen, de xilogravura e de encadernação, para confecção de livros artesanais que registrem os saberes e memórias locais e assim busca novas formas de garantir que a palavra e a imagem permaneçam como uma experiência potente e capaz de transformar uma realidade hostil. No segundo período de 2019, o tema abordado nas oficinas foi a memória da natureza brasileira. Sendo assim, o público das oficinas de desenho artístico registrou a flora e a fauna da Ilha do Fundão, produzindo material imagético para trazer visibilidade sobre importância de manutenção e preservação da paisagem local.

4. A atuação dos projetos na Vila

Em agosto de 2019 promovemos a Oficina Mat Ilhas: Cor e Desenho na AMAVILA (Figura 1). Esta atividade foi de suma relevância para traçarmos um diagnóstico da comunidade e elaborar estratégias para sensibilizá-los a participar do evento. A partir disso, fizemos entrevistas semiestruturadas e vídeos para conhecer os pormenores da rotina dos moradores da Vila Residencial e seus interesses em atividades de extensão. Com o apoio dos dirigentes da AMAVILA, também contatamos os coordenadores e monitores de outros projetos de extensão para estabelecer parcerias. A atividade foi organizada da seguinte forma: com a carga horária de 17h (13h de preparo e 4 de aplicação, num total de 1 aula), contou com 2 (dois) mediadores, atendeu a 8 (oito) cursistas, na faixa etária de 7 a 10 anos. Observando que no primeiro momento houve uma timidez das crianças em relação ao grupo de mediadores, que logo se aproximaram em pequenos grupos até completarem o total de 8 cursistas.

O tema tratado foi o abandono de animais domésticos na ilha do Fundão e como este fato influencia a rotina local, devido as matilhas circularem pelas cercanias e ruelas da vila residencial. A Oficina Mat Ilhas foi realizada com uma parte explicativa sobre o tema por meio de apresentação de multimídias. Adiante, com material elaborado pelos monitores mediadores, oferecemos às crianças uma série de desenhos de cães para colorirem observados nas matilhas da Ilha do Fundão. Sugerimos que nomeassem os cães com nomes de gosto pessoal; assim cada desenho colorido foi batizado com os nomes de: Bela, Caju, Pietro, Onshamre, Vadinha, Mel, Negão e Podosk. Desta forma, sensibilizamos as crianças para pensarem sobre as zoonoses, a importância dos afetos e o respeito aos animais. Como desdobramento do projeto, a partir do material obtido na oficina com as crianças, foi elaborada uma intervenção artística a ser exposta em outros locais para atingir outros públicos.

Figura 1. Ação de extensão Matilhas: Cor e desenho – Amavila/ UFRJ e uma matilha de cães da Ilha do Fundão /UFRJ. Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E.2
Figura 1. Ação de extensão Matilhas: Cor e desenho – Amavila/ UFRJ e uma matilha de cães da Ilha do Fundão /UFRJ.
Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E.2

Baseados no diagnostico traçado pela Oficina Mat Ilhas, debatemos sobre qual seria o melhor caminho para valorização da autoestima e da sustentabilidade através das práticas artísticas. Direcionamos o plano de trabalho para elaborar atividades de acordo com a agenda disponível das salas, a carga horária necessária, a criação dos artefatos com temas livres e sua comercialização. A venda seria em pontos escolhidos nas dependências da UFRJ e da Vila residencial e os valores seriam calculados no modelo de contribuição consciente. Assim, treinamos os monitores mediadores construindo parâmetros de práticas docentes específicas, posicionando-os como líderes da equipe de acordo com as técnicas aplicadas em cada oficina, vislumbrando atingir os desdobramentos do mercado.

Por princípio dos projetos que pretendem abarcar temas como a representação da cultura brasileira, estabelecemos para as oficinas os temas identidade, pertencimento, memória e cultura brasileira. Desta maneira buscamos resgatar processos artísticos de integração, referenciados na atuação de mulheres artistas pesquisadoras professoras da EBA que nos oferecem um legado de processos didáticos, a exemplo de Celeida Tostes, Simone Michelin, entre outras. Isto posto, realizamos exercícios para esquematização das etapas de cada proposta, a citar: o levantamento da infraestrutura na AMAVILA, a elaboração das listas de ferramentas e de materiais de consumo e grade de horários conciliados às atividades de outros projetos de extensão.

Figura 2. kit básico de materiais e equipamentos, Amavila/ UFRJ. Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E2.
Figura 2. kit básico de materiais e equipamentos, Amavila/ UFRJ.
Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E2.

Custeamos as oficinas para depois de estabelecidos Projetos A.R.T.E.2 e Mar de Histórias para ainda encontrar editais adequados que tornem os projetos futuramente sustentáveis. Embora sejam utilizados alguns produtos reciclados, foi necessário comprar materiais básicos. Sendo assim, montamos kits de materiais, como mostra a Figura 2, para oficinas com contribuição voluntária dos professores envolvidos. Destacamos que a área de atuação ficou limitada às cercanias da UFRJ em razão de adaptação das atividades de acordo com os recursos disponíveis. Além do material básico o custo relativo ao translado e a alimentação dos monitores mediadores também foram custeados pelos professores responsáveis, pois nenhum monitor até o momento dispõe de bolsa institucional para tais projetos de extensão.

A oficina formas e moldes de silicone para fabricação de velas artesanais (Figura 3) treinou monitores do Time Enactus/UFRJ para ampliarem o repertório de modelos e otimizarem a produção de velas artesanais. O grupo aprendeu com o Time Enactus técnicas básicas de fabricação de velas feitas com óleo de cozinha usado. Dada a necessidade de infraestrutura adequada, as atividades foram realizadas em três encontros de 4h de duração. Adelson Nascimento, servidor da UFRJ lotado na EBA, técnico em formas e moldes, atuou como o mediador líder da proposta desta oficina. Com participações diversas pudemos estimular o convívio no trabalho amistoso e afetivo entre estudantes, monitores mediadores, o técnico e professores envolvidos, em razão da importância de disseminar essas práticas para a comunidade, ativando a primeira parceria do A.R.T.E.2 com outro projeto extencionista fora da Escola de Belas Artes.

Figura 3. Ação de extensão Oficina de Formas e moldes de silicone, Amavila/ UFRJ. Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E.2
Figura 3. Ação de extensão Oficina de Formas e moldes de silicone, Amavila/ UFRJ.
Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E.2

A apresentação da proposta foi desenvolvida durante 4 dias de oficina. Foram apresentados alguns objetos para serem usados como formas na produção de velas. Uma estrutura foi criada para que os moldes de silicone pudessem ser feitos de cano de PVC, acetato, madeira ou argila. O objetivo das atividades foi expandir a criatividade e mostrar ao participante que qualquer objeto de uso cotidiano pode ser usado como base para o molde, desde que apresente uma estrutura volumétrica mais adequada para a elaboração das velas, criando assim um repertório amplo de possibilidades. No segundo encontro foram feitos os moldes de silicone e cada participante se empenhou em um projeto de molde um. Também, foram feitas modelagens em barro como formato de base para outras produções em moldes em silicone.

As características dos matérias empregados se impõe durante os processos de aprendizado e execução. Quanto ao uso do silicone, vale observar, sua durabilidade e resistência aos processos de moldagem são determinados por variáveis de ordens diversas, sendo uma delas o tipo e qualidade da borracha utilizada. A materialidade emborrachada do silicone possui flexibilidade, elasticidade e fidelidade de cópia; a estrutura antiaderente, permite um desmolde fácil, e de aspecto aproximado ao objeto matriz referente, a resistência dos moldes propicia o aumento da reprodutibilidade, a inferir na rentabilidade de venda dos objetos resultantes. Ainda que durante o desmolde o silicone apresente certa fragilidade, o que requer recomendações durante essa etapa, para que seja realizada cuidadosamente, por exemplo com auxílio de estilete.

Para reforçar a importância das conexões entre os projetos de extensão da UFRJ, o projeto foi até a AMAVILA para dar continuidade na atividade de produzir moldes de silicone, de acordo com as orientações dos monitores do Time /Enactus/UFRJ. As velas decorativas foram feitas a partir de óleo de cozinha usado ali e para evitar o descarte irregular desse material na tubulação sanitária da comunidade. A oficina de formas e moldes de silicone atendeu à demanda de aperfeiçoamento dos 6 (seis) monitores do projeto Guta/Enactus/UFRJ, atuante na AMAVILA, que tem como objetivo a criação de novas formas para as velas artesanais, fabricadas através do reaproveitamento do óleo de cozinha coletado na comunidade.

Figura 4. Ação de extensão Oficina de Gravura em tecido e papel, Amavila/ UFRJ. Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E.2
Figura 4. Ação de extensão Oficina de Gravura em tecido e papel, Amavila/ UFRJ.
Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E.2

A Oficina de gravura em tecido e papel (Figura 4) foi conduzida pelo monitor mediador Douglas Suzano. Com objetivo de ensinar técnicas de impressão em papel e em tecidos, foram confeccionadas pinturas à mão livre e através de produção de carimbos, moldes de estêncil para estamparia e impressos a partir de modelos oferecidos pelo monitor e criados pelos participantes. Por necessidade de infraestrutura apropriada, a oficina de velas foi realizada no Espaço Vila em Dança, gentilmente cedido. Foi possível traçar o perfil variado do grupo de participantes, por exemplo, entre senhoras moradoras da Vila Residencial e estudantes da EBA. O objetivo da oficina foi integrar os participantes através da produção artística sob o viés da sustentabilidade. Vale ressaltar que os relevantes resultados produzidos em gravura em tecido de algodão cru e em ecobags provocaram os monitores mediadores a trocarem de posição fazendo as atividades propostas junto dos moradores, estreitando laços afetivos.

Para a produção de carimbos, foram escolhidos desenhos a serem reproduzidos nas placas de EVA, recortados e colados nos suportes de MDF. Foram explicadas as classificações das cores em neutras branca, preta e cinza) e primárias (azul, amarela e magenta) e como misturá-las para obterem cores secundárias (verde, laranja e roxa) e terciárias (marrom, roxo-avermelhado, laranja-avermelhado, laranja-amarelado, verde-amarelado, verde-azulado, roxo-azulado). Preparadas as tintas e aplicadas aos carimbos com rolinhos de espuma, pressionadas sobre folhas de papel para a impressão. O processo de preparação de carimbos demanda esforço e tempo, devido a precisão dos cortes, da secagem da cola, do preparo das cores, no entanto durante o processo de aplicação das estampas os resultados são rápidos e compensam o empenho inicial. O ato de carimbar e pintar os tecidos de algodão cru serviu para confeccionar caminhos de mesa e capas de caderno. Ao fim das atividades foi proposto aos aos participantes que gravassem as estampas pintadas nas sacolas de ecobags, com intuito de estimular a produção com possibilidade de valor de mercado. Em depoimentos posteriores foi marcante para o grupo ver o sorriso e a alegria dos participantes satisfeitos com os rápidos resultados dos trabalhos, ainda mais após saberem que os tecidos estampados fariam parte da atividade subsequente (a oficina de encadernação).

Durante a realização da Oficina de gravura em tecido e em papel surgiu o interesse dos cursistas e monitores sobre o tema de atividades artísticas para pessoas com necessidades especiais, levando os coordenadores do grupo a realizarem uma palestra com convidados na Oficina de Encadernação Artesanal, em conjunto com a Oficina de encadernação sobre Brinquedos educativo e sustentável aplicadas a autistas, ministradas pelos estudantes Erick Ricardo Teixeira e Marcelle Simões da Rocha, estudantes da Escola de Belas Artes da UFRJ que desenvolvem brinquedos educativos. No primeiro momento das oficinas houve uma retração dos cursistas em relação ao grupo. Com a aplicação das diferentes oficinas, o trabalho foi se fortificando e houve uma integração social e de aprendizado entre os pares.

Figura 5. Ação de extensão Oficina de Encadernação Artesanal, Amavila/ UFRJ. Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E.2
Figura 5. Ação de extensão Oficina de Encadernação Artesanal, Amavila/ UFRJ.
Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E.2

A Oficina de encadernação artesanal (Figura 5) foi liderada pela monitora Flavia Fontes. As atividades foram adaptadas para serem realizadas na sala multiuso da AMAVILA. Para introdução, foram propostas duas técnicas de encadernação, sem costuras, usando grampeadores e cola para fixar as folhas das cadernetas e outra por costura manual usando agulha e linha, para fixar os blocos de papel e formar um caderno. Foram produzidos cadernos costurados se valendo de linhas e fitas, com capas forradas em tecidos e alternativas decorativas a fim de tornar os cadernos atrativos aos olhos de um possível comprador, indicando o cuidado para se manter a qualidade no acabamento dos produtos tendo em vista a finalidade de venda. Monitores mediadores ofereceram todo o suporte para o grupo de participantes na composição das capas e encadernações. Foi demonstrado como fazer um modelo de encadernação em estilo carteira com uma nova forma de costura e a colocação de um fecho simples em um caderno de capa semirrígida e encadernação japonesa com capa rígida revestida em tecido.

O objetivo dessa oficina foi promover a inclusão social, estimular a criatividade com a iniciação artística e contribuir para a geração de renda dos moradores da Vila Residencial da Ilha do Fundão. A oficina de encadernação absorveu os resultados desenvolvidos na Oficina anterior de gravura em tecido e papel, utilizando as imagens criadas para ampliar as chances de confeccionar artefatos personalizados e produtos com valores culturais produzidos pelos participantes locais e assim pudessem gerar uma identidade própria a cada nova encadernação. Os resultados das oficinas foram compreendidos por todos de maneira tão positiva que dali surgiu a ideia de montar uma banca de vendas. A banca de produtos foi realizada e ficou em exposição no hall do Prédio da Reitoria durante um dia. Para a geração de renda foi aplicado o conceito da contribuição consciente, no qual o preço dos produtos é negociado pelo comprador a partir de um preço sugerido.

Figura 6. Ação de extensão Oficina de Máscaras em papel machê, Amavila/ UFRJ. Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E.2
Figura 6. Ação de extensão Oficina de Máscaras em papel machê, Amavila/ UFRJ.
Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E.2

Os conteúdos da Oficina de Máscaras em papel machê (Figura 6) foram desenvolvidos sobre temas referentes à cultura popular, propondo exercícios de sensibilização e estímulo da criatividade através da confecção de máscaras de papel reciclado. Destaca-se entre os objetivos, disseminar à comunidade participante diversas modalidades de expressão artística interligadas aos contextos culturais e educacionais, a cidadania, as ações de reciclagem de materiais e a produção artística. A oficina de máscaras teve a participação de diversos monitores dos projetos, entre os quais a monitora Jecie Guimarães se empenhou em todas etapas. Os propósitos dos exercícios foram preparar duas bases de máscaras a partir do formato de cabeça humana para discutir identidade e criatividade. Foram exibidas imagens de máscaras folclóricas e em seguida aplicados exercícios com espelho onde os participantes fechavam os olhos e conduzidos a   se imaginarem com a fisionomia de animais, para depois ao mirar o próprio rosto no espelho, pudessem procurar alguma semelhança com o animal imaginado. Em seguida, foram feitas moldagens diretas do rosto com folhas de papel alumínio, como estudo da ergonomia do formato da cabeça humana com moldagem direta. Para servir como memória na produção de máscaras ocorreram exercícios lúdicos e teatrais nos quais os participantes puderam agregar valores estéticos e identitários nas formas das máscaras. Para o encontro subsequente preparamos a base de máscara sobre balão de látex inflado e foram coladas dissolvendo com cola com um pouco de água para fazer o empapelamento dos balões com tiras de papel cortado aproveitado de revistas e jornais. As bases de balões de papel colê foram estruturadas com arames e depois cobertas com papel branco para dar base uniforme para a pintura. Usamos massa de papel machê preparada com papel higiênico, cola e vinagre, além de sucatas, para dar relevo às características das máscaras, posteriormente pintadas para enfatizar as expressões desejadas.

Ao final pudemos realizar um desfile de máscaras, que reuniu diversos projetos de extensão universitária com uma grande festa de final do ano. Foi criada uma metodologia específica, promovendo o ensino artístico inclusivo e democrático, valorizando a autoestima da comunidade da Vila Residencial, e articulando a participação dos projetos com seus resultados levando a banca de vendas para o Sarau Integrates Internacional como um dos modelos possíveis de expansão da Oficina. Onde se observou uma importante relação entre as participantes que realizaram as máscaras e crianças que puderam brincar com os objetos numa interação entre diferentes gerações.

Figura 7. Ação de extensão Oficina de Desenho de naturalista, Amavila/ UFRJ. Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E.2
Figura 7. Ação de extensão Oficina de Desenho de naturalista, Amavila/ UFRJ.
Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E.2

A Oficina de desenho de naturalista (Figura 7) foi elaborada para registrar a fauna e flora do Campus da UFRJ entre outros locais a partir da compreensão dos métodos de desenho perceptivo e desenho analítico, com o intuito de demonstrar que qualquer pessoa interessada pode desenvolver habilidades de realizar um desenho, uma vez que tenha  oportunidade de se expressar plasticamente. Sendo assim, as inscrições foram divulgadas entre a comunidade acadêmica discente da UFRJ com o apoio da Decania do CCMN/UFRJ. Deram-se início as atividades nos jardins internos do complexo de edificações deste local e para que os participantes internalizassem os conteúdos foram realizados quatro encontros, sendo o primeiro dedicado a apresentação de um diagnóstico histórico e paisagístico dos jardins no projeto arquitetônico do CCMN para identificar quais os tipos de plantas e quais as funções elas se destinaram nos jardins.

Realizamos exercícios de sensibilização aplicados de forma que os participantes escolhessem e descrevessem oralmente e detalhadamente as formas e linhas das plantas que viam no jardins. Foram observadas as proporções das plantas escolhidas com a escala humana, bem como entre os tamanhos das diferentes plantas e entre o tamanho das folhas em relação ao galho, ao caule, flor e fruto. Em seguida demonstramos como transpor estas relações do corpo para o papel com linhas de apoio, realizando esboços representativos das imagens vistas. Mostramos os tipos de representação gráfica com o grafite da luz e da sombra, destacando a figura do fundo, e evidenciando os volumes observados através da hachura; realizamos estudo das cores com exercícios de observação com descrição oral das cores percebidas nos jardins em relação a incidência da luz natural, explicamos como preparar cores do círculo cromático e foram feitos exercícios livres através das técnicas do lápis de cor aquarelável.

Embora, identifiquemos dinâmicas distintas entre as oficinas descritas, as proposições alicerçadas na busca por estratégias de inclusão social geraram oportunidades mais igualitárias para a comunidade refletindo sobre sustentabilidade através da arte. Em nossa análise percebemos que laços afetivos foram fortalecidos entre participantes na medida em que as atividades artísticas promovidas estimularam o interesse das ações coletivas, da possibilidade de realizarmos exposições artísticas e de comercializarmos produtos confeccionados por todos. A integração foi acelerada, através da criação de duas redes ssociais, a fim de propiciar diálogo, interação e partilha de valores, hábitos e objetivos comuns.

Com a realização dos eventos expositivos dos resultados, foi promovida a intenção de se criar um acervo teórico e imagético para futuras ações acadêmicas, para transferência de conhecimento e geração de estratégias didáticas interdisciplinares, contribuintes ao ensino das artes visuais em todos os segmentos educacionais. Tais resultados serviram para a completude do ciclo criativo que fica demonstrado ocorrer a partir da ressignificação na interação com outros públicos, com a divulgação dos projetos e dos processos de criação alcançados; e nesse caso acrescidos da dinâmica vivenciada com a promoção e venda dos objetos confeccionados.

Figura 8. Intervenções artísticas no campus da Cidade Universitária/UFRJ Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E2
Figura 8. Intervenções artísticas no campus da Cidade Universitária/UFRJ
Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E2

Cada Projeto teve um direcionamento final, como no projeto Mat Ilhas, que como citado, foi proposto intervenções artísticas (Figura 8) no campus da Cidade Universitária/UFRJ, uma vez demarcado territórios de ocupação usados como espaços expositivos transitórios, tal como se observam a rotina das matilhas que lá habitam. Com isso, a pesquisa teceu os conceitos de Etologia, Cartografia, Antropologia e Arte Pública, como instrumento de poder critico, político e social no cenário da cultura brasileira contemporânea. A interação do público com a instalação proposta aconteceu através de gestos de carinho e fotografias com as esculturas. A intervenção artística Mat Ilhas foi apresentada na na SIAC 2019 da UFRJ e publicada como artigo nos Anais do Scientiarum História XII, em 2019.

Figura 9. Contribuição Consciente Hall do Prédio da Reitoria da UFRJ. Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E2
Figura 9. Contribuição Consciente Hall do Prédio da Reitoria da UFRJ.
Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E2
Figura 10. Contribuição Consciente Faculdade de Letras da UFRJ. Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E2.
Figura 10. Contribuição Consciente Faculdade de Letras da UFRJ.
Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E2.
Figura 11. Contribuição Consciente Sarau Integrartes Internacional. Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E2
Figura 11. Contribuição Consciente Sarau Integrartes Internacional.
Fonte: Acervo dos projetos de Extensão Mar de história e A.R.T.E2

A partir do equilíbrio entre a ideia de sustentabilidade e o custo de produção, foi proposto uma Ação de Extensão de Contribuição Consciente dos artefatos produzidos nas Oficinas realizadas na AMAVILA/UFRJ (Figura 9), promovidas em três ações, sendo: uma banca de venda no Hall do Prédio da Reitoria da UFRJ (06/11/2019), uma banca de venda no Sarau Integrartes Internacional – 100 anos de Helenita de Sá – EARP /Amavila (16/11/2019) e uma banca de venda realizada na Faculdade de Letras da UFRJ, em 22/11/2019 (Figura 10). Esses produtos (cadernos, tecidos estampados, bolsas, máscaras) foram oferecidos ao público por ações de venda dentro e fora da comunidade com a estratégia de recebimento de contribuição consciente dos compradores, ou seja, os valores foram sugeridos para que os compradores tivessem a liberdade de pagar o que achavam que cada produto valia, dada a ação promovida e o benefício social esclarecido durante a ação de venda. A presença dos participantes durante as vendas colocou os compradores em contato com outras pessoas, abrindo uma nova etapa de comunicação e compartilhamento da experiência nas oficinas e elevando a autoestima dos participantes, além de ampliar a divulgação do projeto. Junto ao Sarau (Figura 11), o grupo realizou mais duas atividades um desfile de máscaras pela AMAVILA, com a participação de coordenadores, mediadores, cursistas, moradores e crianças da comunidade da Maré, criadas na Oficina de máscara em papel machê, movidos por uma bandinha de música do evento. Com o término das atividades em dezembro de 2019, os participantes promoveram uma confraternização das Oficinas para consolidar a amizade gerada entre todos e pensar juntos os desdobramentos futuros das Oficinas.

5. Conclusão

Em relação as ações de Extensão de Contribuição Consciente dos artefatos produzidos nas Oficinas realizadas na AMAVILA/UFRJ, foram promovidas três ações, no Hall do Prédio da Reitoria da UFRJ, com a participação de três cursistas e membros do grupo de extensão, com a maior arrecadação das três ações e com uma recepção muito boa da comunidade acadêmica, inclusive pelos intercambistas, todos interessados nas explicações sobre as oficinas e sobre os produtos gerados. Dos 100% obtidos de recursos com estas ações teve retorno de 75% da arrecadação.

Na Contribuição Consciente no Sarau Integrartes Internacional – 100 anos de Helenita de Sá – EARP /Amavila, com a participação da maioria dos cursistas e membros do grupo de extensão, teve retorno de 5% da arrecadação e contou positivamente para o grupo para estabelecer aproximação de membros de outras ações extensionistas realizadas na vila, bem como divulgar o os projetos para a comunidade da Amavila e membros de outras localidades que frequentaram o evento. A última apresentação da banca de vendas foi realizada na Faculdade de Letras da UFRJ, pelos membros do grupo de extensão, com destaque das monitoras Catarina Xavier Lopes da Silva e Melissa Anselmo dos Santos, obtendo retorno de 20% da arrecadação. Todo dinheiro arrecadado foi entregue pelos mediadores para uma pessoa da comunidade, eleita pelas cursistas, com um caderno anotado o número de peças vendidas e valores arrecadados. O montante será investido na execução de aventais ou bolsas para as próximas oficinas em 2020. Neste primeiro passo da Contribuição Consciente houve um retorno de 10% do que foi investido em insumos e equipamentos, surgindo uma necessidade do grupo em rever a substituição de materiais e técnicas para barateamento dos produtos e realização de um maior número de ações de contribuição consciente, possibilitando num futuro próximo a rentabilidade na execução do artesanato para as cursistas.

Durante as ações propostas foram coletados depoimentos de cada participante, seus modos próprios de se fazer presente nas oficinas e suas histórias foram contadas também no modo de existência de cada objeto de arte que dali surgiu. A participação foi aos poucos sendo ampliada com o agenciamento de pessoas de diferentes faixas etárias e diferentes níveis de escolaridade, que passaram a trocar experiências e a criar juntos. Com isso, consideramos que os encontros nas oficinas produziram resultados que foram além da economia financeira, pois promoveram o que podemos chamar de economia do afeto; essa capaz de gerar outras revoluções que não se provam por números, mas por bem estar social que, por sua vez facilitam outros benefícios financeiros. Sendo assim, deflagramos nossas ações futuras com a pretensão de remodelar em 2020 as ações na AMAVILA, intensificando nossa atuação na comunidade e abrindo novas parcerias de extensão. Elaboraremos publicações de artigos acadêmicos e a modelagem de um e-book sobre os projetos. Não obstante, buscaremos captar recursos financeiros providenciar os equipamentos e materiais necessários e a reforma da saleta destinada para das ações compartilhada pelo LaMIE, LAB01 e Laboratório de Cerâmica da FAU. Solicitaremos bolsas de monitoria nos programas de fomento para alinhavar redes de ações com outros projetos de extensão.

Por fim, agradecemos as cursistas das oficinas pelo carinho de nos trazer bolos, pães e fazerem o café a cada oficina e a motivação para realizar uma festa na sede da AMAVILA para fechamento das atividades do grupo. Ressaltamos o empenho do Sr. Antônio Avelino pela cooperação e agilidade em suprir as necessidades das oficinas como presidente da AMAVILA. Pela colaboração na formalização dos projetos e oficinas agradecemos à coordenação de extensão da Escola de Belas Artes e especialmente a Sra. Vanessa Nofuentes. Não podemos deixar de destacar a grande contribuição do técnico de oficinas do Curso de Artes Visuais/Escultura o Sr. Adelson Nascimento que gentilmente, se disponibilizou para participar das reuniões, acompanhar e atuar na oficina de moldes e formas de silicone, em suas horas de almoço e folgas. À Professora Andrea de Lacerda Borde da Oficina Integrada de Cerâmica EBA/FAU e coordenadora do Laboratório de Cerâmica, ao Professor Andrés Pássaro fundador e colaborador do LAMO/FAU e à professora Ana Célia do Projeto Vila em Dança deixamos aqui registrado todo o reconhecimento por colaborarem com entusiasmo das ideias, da doação de mobiliário e do compartilhamento dos espaços físicos e pela sorte de terem cruzado nosso caminho ao longo desta trajetória.


* Katia Correia Gorini, Ana Cecilia Mattos MacDowell, Maria da Graça Muniz Lima e Aurélio Antônio Mendes Nogueira são professores da Escola de Belas Artes (EBA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ. Adelson Alves do Nascimento é Técnico em moldes da UFRJ.

Caio Vasconcelos Maia, Catarina Xavier Lopes da Silva, Douglas do Nascimento Suzano, Flávia Lucia da Silva Fontes, Jecie de Araújo Gonçalves, Karine Corrêa da Silveira e Melissa Anselmo dos Santos são graduandos da Escola de Belas Artes da UFRJ. Isabella Maria do Livramento Gonçalves é graduanda da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ.

Referências

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